Os fundos europeus estão mesmo a ajudar Portugal? Estrangeiros vieram “espreitar”

António Pedro Santos / LUSA

A ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva

Turismo, educação e clima. Milhões, milhões e milhões. Os resultados estão a acompanhar os investimentos?

A pandemia fez a economia europeia tremer e uma das reacções da União Europeia foi a criação do Mecanismo de Recuperação e Resiliência (MRR) – onde está inserido o famoso PRR – Plano de Recuperação e Resiliência.

São quase 725 milhões de euros em subsídios e empréstimos, que Bruxelas prevê gastar até 2026, para impulsionar as economias nacionais, para ajudar os países afectados pela COVID-19.

As prioridades mudam, conforme o país: transportes sustentáveis, digitalização dos serviços públicos, proteger a biodiversidade, eficiência energética dos edifícios.

Mas há uma regra global: para aceder ao financiamento, os Estados membros têm de apresentar um plano de transição ecológica e digital.

16.6 mil milhões de euros do PRR serão para Portugal. Serão suficientes? “Pensamos que é uma boa oportunidade para recuperarmos da crise, mas também para prepararmos a nossa economia para o futuro”, disse Mariana Vieira da Silva, ministra da Presidência.

Dois pagamentos

Portugal que é um dos países mais avançados neste contexto: já recebeu dois pagamentos europeus, sendo superado apenas pela Itália, que recebeu dois e já pediu um terceiro pagamento.

Será que os investimentos têm produzido o resultado prometido, uma economia mais ecológica e inclusiva? O canal Euronews veio “espreitar” o progresso dos investimentos.

Turismo

No sector do turismo, a visita foi feita à Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, onde está a ser aplicado um programa financiado pelo MRR, para melhorar as competências dos trabalhadores ligados ao turismo. É parte de um consórcio de três instituições de ensino superior que irão receber cerca de 6.7 milhões de euros.

Catarina Nunes, vice-reitora da Escola, admitiu que em Portugal “há ainda um longo caminho a percorrer em termos de formação no domínio do turismo e da hospitalidade”.

“Há mudanças que o mercado impõe: exigências de inovação, melhoria, sustentabilidade, a criação de novos negócios, novas tendências, resposta às necessidades do mercado. Podemos proporcionar uma transformação digital para o sector, podemos proporcionar requalificação, melhoria contínua e formação adaptada às necessidades do mercado”, continuou a responsável.

O investimento deverá beneficiar 8 mil estudantes ao longo de 5 anos. A perspectiva de quem estuda foi dada por João Aleixo: “Há uma oportunidade muito importante que o plano nacional de recuperação me está a dar, e a outros como eu, para fazer um mestrado. Pelo menos estou a pensar em fazer um mestrado ligado ao empreendedorismo, ligado à inovação e ao desenvolvimento da sociedade, no turismo”.

Habitação

É um dos assuntos mais comentados ao longo dos últimos meses, em Portugal.

Neste caso, a passagem foi pela Universidade de Lisboa, onde decorrem obras para criar alojamento acessível para 900 estudantes com dificuldades económicas.

“As rendas são muito elevadas. Há falta de casas e quartos. Especialmente em Lisboa e noutras grandes cidades. Se quisermos atrair mais estudantes, temos de lhes dar alojamento. Este edifício é o primeiro de um conjunto de três edifícios. Em termos de financiamento, a União Europeia, através deste plano de resiliência e recuperação, financiará cerca de 27 milhões de euros, para um custo total de cerca de 39 milhões de euros”, contou Vitor Leitão, vice-reitor da Universidade de Lisboa.

Estes novos edifícios deverão respeitar os requisitos de eficiência energética fixados no plano português, o que deverá ajudar a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa.

Clima

Também o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) tem sido ajudado: 17 milhões de euros. A aposta é nas tecnologias de previsão meteorológica para fazer face aos desafios climáticos – e já começou a ser utilizado um super-computador.

Miguel Miranda, presidente do IPMA, falou sobre essa novidade: “Este computador permitir-nos-á multiplicar a nossa capacidade de cálculo por 20, a fim de fornecer dados mais rapidamente e com melhor qualidade”.

Portugal é um dos países mais afectados pelas alterações climáticas. A nossa capacidade de melhorar, por muito pequena que seja, a previsão atmosférica e a previsão do oceano, tem um enorme impacto na vida das pessoas”, descreveu.

Ainda relacionado com o clima, a ministra Mariana Vieira da Silva admitiu que em Portugal há “um problema de desigualdade social que é preciso abordar. É uma das coisas mais importantes para garantir que a transição digital e climática não seja injusta”.

De acordo com a União Europeia, graças ao plano de recuperação pós-pandemia, o PIB português deverá aumentar cerca de 2,4% até 2026. Deverão ser criados cerca de 50 mil empregos.

ZAP //

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