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Primeiro-ministro islandês demite-se devido ao Panama Papers

controlarms / Flickr

O Primeiro-ministro da Islândia, Sigmundur Davíð Gunnlaugsson

O Primeiro-ministro da Islândia, Sigmundur Davíd Gunnlaugsson, demitiu-se depois de o seu nome ter sido associado ao escândalo Panama Papers.

A BBC avança que o ministro da agricultura deverá substituir Gunnlaugsson como chefe de Governo.

O chefe de Governo tinha pedido ao Presidente para dissolver o Parlamento islandês, mas Olafur Grimsson recusou tomar a decisão antes de ouvir os principais partidos.

“Recusei assinar a declaração para dissolver o Parlamento e fiz saber ao primeiro-ministro que não o poderia consentir antes de me encontrar com responsáveis dos outros partidos para saber a sua posição”, afirmou o Presidente.

A queda de Sigmundur Gunnlaugsson acontece um dia depois de os partidos da oposição terem formalizado uma moção de censura contra o PM devido às alegações de que o PM e a sua mulher detêm secretamente uma empresa offshore, a Wintris, com sede em Tortola, nas Ilhas Virgens Britânicas.

Na noite de segunda-feira a oposição convocou uma manifestação frente ao parlamento para exigir a demissão do primeiro-ministro.

Sigmundur Gunnlaugsson, 41 anos, tinha avançado esta terça-feira com uma proposta de eleições antecipadas face à possibilidade de perder o apoio do seu parceiro de coligação, o Partido da Independência.

“Disse ao presidente do Partido da Independência que se os deputados do partido acharem que não podem continuar a apoiar o Governo para que terminemos juntos o trabalho, irei dissolver o Parlamento e convocar eleições legislativas”, escreveu na sua página no Facebook.

A empresa em causa foi criada em 2007 pela Mossack Fonseca, a empresa de advogados do Panamá que sofreu uma fuga de informações que envolveu mais de 11 milhões de documentos.

A investigação revela ainda que a sociedade do casal, criada para gerir a sua fortuna, teve títulos que valeram milhões de euros em três grandes bancos da Islândia, que faliram no contexto crise financeira de 2008.

De acordo com os documentos publicados pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ), Gunnlaugsson deteria 50% da sociedade envolvida até ao final de 2009. Quando foi eleito deputado pela primeira vez, em abril de 2009, na qualidade de líder do Partido Progressista, omitiu essa participação na sua declaração de património.

Após um governo social-democrata, que subiu ao poder na sequência do colapso económico da Islândia em 2008, Gunnlaugsson garantiu o cargo de primeiro-ministro em 2013 com o apoio do Partido da Independência, cujo líder, Bjarni Benediktsson, atual ministro das Finanças, também surge nos “Panama Papers”.

Os documentos revelam que milhares de empresas foram criadas em paraísos fiscais para que políticos e personalidades administrassem o seu património.

ZAP

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