O prémio para profissionais do SNS exclui quem está agora na covid-19, visando apenas aqueles que exerceram atos diretamente relacionados com a doença no primeiro estado de emergência.
A atribuição de prémios de desempenho aos profissionais de saúde do Serviço Nacional de Saúde (SNS) que estiveram no combate à pandemia na primeira fase foi aprovada em Conselho de Ministros este sábado. Sindicatos de enfermeiros e médicos defendem que vai criar desigualdades e que quem está agora na covid-19 fica de fora.
O diploma aprovado por unanimidade define que seria atribuído a todos os profissionais do SNS que, durante o estado de emergência de 18 de março, exercessem atos diretamente relacionados com covid-19.
Consiste na atribuição de 50% da remuneração base mensal do trabalhador, pago uma só vez, de um dia de férias por cada período de 48 horas de trabalho suplementar realizado e um dia de férias por cada período de 80 horas de trabalho normal.
“Só vão receber o prémio quem daqueles 45 dias esteve, pelo menos, 30 dias a trabalhar de forma direta com doentes com covid-19 infetados ou suspeitos em enfermarias, cuidados intensivos e áreas dedicadas a testes à covid-19, profissionais de saúde pública e do INEM envolvidos no transporte de covid”, diz a dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, Guadalupe Simões, citada pelo jornal Público.
Guadalupe Simões entende que “atribuir o prémio só aos profissionais que estiveram em áreas dedicadas à covid-19 significa muito poucas pessoas”. A sindicalista realça que todos estiveram envolvidos na resposta do SNS e lamenta que não abranja os 170 mil profissionais de saúde.
“O prémio foi aprovado durante a primeira vaga. Hoje a situação é de maior gravidade, o número de enfermeiros em áreas covid-19 e intermédias é muito maior. O prémio vem fora de tempo e não abrange todos os profissionais. Atribuir o prémio só à primeira vaga é um presente envenenado e a forma como o está a gerir, mais envenenado vai ser”, argumenta, por sua vez, a presidente da Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros, Lúcia Leite.
O presidente da Federação Nacional dos Médicos, Noel Carrilho, partilha a opinião de que o prémio deveria ser transversal a todos os profissionais de saúde. “O SNS é uno e todos trabalharam com o objetivo de responder à pandemia, levando a que uns trabalhassem na retaguarda para outros poderem estar na linha da frente”, explica o representante dos médicos.
Coronavírus / Covid-19
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