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2% dos portugueses já estão totalmente vacinados. Ordem dos Médicos questiona dados

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Christian Bruna / EPA

O grupo etário entre os 24 e 49 anos é o que mais vacinas recebeu em Portugal até ao momento, revela o primeiro relatório de monitorização da vacinação contra a covid-19, divulgado ontem.

O documento informa que 216.105 pessoas entre os 24 e os 49 anos receberam uma ou ambas as doses da vacina, entre as quais 84.231 já receberam as duas tomas.

Estes dados refletem a prioridade que as autoridades de saúde definiram – primeiro os profissionais de saúde, depois os mais idosos. Entre a terceira idade (os grupos 65-79 e +80) houve 172.111 pessoas inoculadas, das quais 60.172 com as duas doses.

Os dados mostram ainda que 7% da população com mais de 80 anos (42.991) já recebeu as duas doses da vacina contra a covid-19. Quase 80 mil pessoas desta faixa etária (12% do total) receberam a primeira dose.

A faixa etária que recebeu menos doses situa-se entre os 0 e 17 anos, sendo que apenas 71 das pessoas deste grupo estão completamente vacinadas.

O Norte é a região que mais vacinas administrou (171.789), seguido de perto por Lisboa e Vale do Tejo (168.196), estando ambas as regiões com 2% de população vacinada. Em termos percentuais é o Alentejo quem lidera (4%), graças às 43.951 doses distribuídas.

No entanto, é no Algarve que se verifica um maior atraso na vacinação: foram administradas apenas 18.681 doses, o equivalente a 1% da população algarvia.

Em Portugal continental, 199.511 pessoas receberam a vacinação completa. O país tinha recebido até ao dia 14 694.800 doses de vacinas, tendo distribuído 42.900 para as ilhas.

De acordo com as informações prestadas segunda-feira pela ministra da Saúde, o país iria receber até ao final da semana mais 197.730 doses de vacinas, da Pfizer/BioNTech e da AstraZeneca. Marta Temido disse que até ao final do primeiro trimestre são esperadas 2,5 milhões de doses, mas a Moderna avisou, entretanto, a UE de que vai entregar menos doses em fevereiro do que o esperado.

Já a Johnson & Johnson submeteu o pedido de comercialização da sua vacina à Agência Europeia de Medicamentos. Espera-se que a autorização seja concedida em cerca de um mês e que Portugal comece a receber no segundo trimestre as 1,25 milhões de vacinas (de toma única) contratualizadas.

A DGS adianta que passa a disponibilizar este documento semanalmente, às terças-feiras. O boletim, que terá como fontes o sistema VACINAS (da DGS) e o Serviço de Utilização Comum dos Hospitais (SUCH), será publicado com dados referentes à semana anterior.

“Acho muito estranho”

O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, lamenta que o novo relatório da DGS não seja mais específico, nomeadamente em relação à vacinação de grupos profissionais, questionando-se sobre quem está incluído na faixa etária entre os 24 e os 49 anos.

“A prioridade que nós decidimos, Portugal, foi a mesma que seguiu a Europa, os profissionais de saúde na linha da frente e as pessoas com 80 ou mais anos. Ora, grande parte dos profissionais de saúde, pelo menos os médicos, andava perto dos 50 anos. Com este panorama, eu acho estranho o número de pessoas vacinadas até agora que é na faixa dos 24 aos 49 anos. Acho muito estranho, a não ser que essa faixa inclua muitos médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde”, sublinha Miguel Guimarães à TSF.

Miguel Guimarães revela que a Ordem está a atualizar o levantamento para saber quantos médicos manifestaram a vontade de ser vacinados e ainda não foram.

O bastonário irá entregar o documento ao coordenador da task force que coordena o plano de vacinação.”Temos mais facilidade de proximidade com os médicos do que com a própria task force e nós estamos aqui para ajudar e dizemos, atenção que há aqui pessoas que estão a trabalhar com doentes, são profissionais de saúde e que ainda não foram vacinadas”, referiu.

Ana Isabel Moura, ZAP //

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13 Comments

      • Talvez não fosse má ideia ter-mos contratos para comprar qualquer vacina que esteja disponível e com resultados comprovados.
        Não percebo porque é que nem sequer é levantada a possibilidade de se comprarem vacinas à China e à Rússia, quando a prioridade racional é de controlar a questão da saúde pública.
        Será que há razões políticas que impedem essa abordagem? (pergunta retórica)
        Então, e devemos legitimar esse raciocínio? Vamos vacinar mais lentamente, com vacinas mais caras e mais difíceis de manipular do que as equivalentes (e há quem diga: com melhores resultados) de outras origens que não sejam as farmacêuticas da Industria de países ‘amigos’?
        Isto é típico de mentalidades mesquinhas e tendenciosas dos que acusam os ‘adversários’ de serem corruptos, desonestos e manipuladores propagandistas, e que,…nós não somos,…
        Right!!!

  1. Conheço pessoas incluídas nos grupos prioritários (+ de 80 anos) que nem sequer foram ainda contactadas. Qualquer dia chegamos à conclusão que ainda faltam os prioritários e o resto da população está toda vacinada!

  2. A prima de uma enfermeira que trabalha num hospital onde está a minha avó de oitenta e dois anos, que foi médica noutro hospital, já foi vacinada. E também a filha da irmã da amiga de uma chefe do mesmo hospital.

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