No meio da guerra comercial, Portugal é um fornecedor de resíduos do fabrico de ferro ou aço, insulina, derivados halogenados de hormonas corticosteroides derivados da anilina e semibranqueados ou polpa de madeira química.
Portugal tem capacidade para abastecer o mercado europeu com cinco produtos considerados estratégicos, segundo um estudo do Gabinete de Estratégia e Estudos (GEE) do Ministério da Economia.
A análise, que avaliou os fluxos comerciais da União Europeia (UE) em 2019, conclui que o país pode ser uma peça-chave para reduzir a dependência externa do bloco em determinados setores, num contexto de crescente fragmentação da economia mundial e com a guerra comercial lançada por Donald Trump.
O estudo identificou 137 produtos, de um total de 5.200 analisados, em que a UE apresenta elevada dependência de importações de países terceiros, representando cerca de 6% do valor total das suas importações — aproximadamente 116 mil milhões de euros. Entre estes produtos, destacam-se químicos, como fertilizantes e medicamentos, e metais brutos ou processados, como aço, alumínio e ferro.
Dentro deste universo, Portugal foi apontado como fornecedor alternativo em cinco casos: resíduos do fabrico de ferro ou aço, insulina, derivados halogenados de hormonas corticosteroides (usados como anti-inflamatórios), derivados da anilina (para produção de químicos e medicamentos) e semibranqueados ou polpa de madeira química (utilizados na produção de papel).
Três destes produtos são comercializados por grandes empresas exportadoras nacionais: a insulina, pela Eli Lilly Export; os corticosteroides, pela Pfizer; e a madeira química, pela Navigator. As três empresas figuram entre as 10 maiores exportadoras de Portugal em 2024, refere o Jornal de Negócios.
O GEE sublinha que esta capacidade representa “uma oportunidade para a economia portuguesa”, num momento em que se torna crucial reforçar a produção interna, diversificar fornecedores dentro da UE e reduzir vulnerabilidades comerciais. Entre 2019 e 2022, Portugal registou um excedente comercial superior a 100 mil euros em cada um dos cinco produtos, qualificando-se como fornecedor potencial para o mercado interno europeu e uma alternativa aos Estados Unidos.
O relatório destaca ainda que, no panorama das dependências estratégicas da UE, a China ocupa um papel predominante, respondendo por 52% das importações destes produtos críticos, seguida pelo Vietname (11%) e pelo Brasil (5%).
A criação de novas rotas comerciais entre os Estados-membros e o reforço de parcerias internas são apontados como estratégias essenciais para fortalecer a resiliência económica da Europa e reduzir a dependência dos EUA e da China.
Guerra das Tarifas
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