MI6

Blaise Metreweli, nova diretora do MI6
Antropóloga, geek, com uma longa carreira de espionagem, Blaise Metreweli vai tornar-se a 18ª líder dos Serviços Secretos do Reino Unido. Irá substituir Sir Richard Moore, que deixa o cargo ainda este ano.
O Serviço de Inteligência Secreta britânico será liderado por uma mulher pela primeira vez na história da agência.
O primeiro-ministro britânico Keir Starmer anunciou neste domingo ter selecionado Blaise Metreweli, uma agente de carreira com vasta experiência em tecnologia e operações no Médio Oriente, para liderar o histórico MI6.
Atualmente responsável pela tecnologia e inovação no serviço, Metreweli afirmou estar “orgulhosa e honrada” por ter sido convidada a liderar a organização, diz a BBC.
Starmer classificou a nomeação como “histórica, num momento em que o trabalho dos nossos serviços de inteligência nunca foi tão vital como agora“.
O MI6 tem como missão recolher informações no estrangeiro para melhorar a segurança do Reino Unido, e como objetivos principais impedir o terrorismo, perturbar as atividades de estados hostis e reforçar a cibersegurança.
O chefe da agência, comummente referido como ‘C’, (embora no universo fictício de James Bond lhe seja dado o nome de código de “M”), é o único membro dos serviços secretos britânicos cuja identidade é conhecida publicamente.
Metreweli, de 47 anos, é atualmente Diretora-Geral ‘Q’ — chefe da crucial divisão de tecnologia e inovação, que visa manter secretas as identidades dos agentes e desenvolver novas formas de evitar ameaças como a vigilância biométrica da China.
“O MI6 desempenha um papel vital – juntamente com o MI5 e o GCHQ – na proteção do povo britânico e na promoção dos interesses do Reino Unido no estrangeiro”, afirmou a nova C do MI6.
“Estou ansiosa por continuar esse trabalho ao lado dos corajosos oficiais e agentes do MI6 e dos nossos muitos parceiros internacionais.”
Metreweli, que estudou antropologia na Universidade de Cambridge, ocupou anteriormente cargos de direção no MI5, a agência irmã de segurança interna do MI6, e passou a maior parte da sua carreira a trabalhar no Médio Oriente e na Europa.
Numa entrevista ao The Telegraph em 2021, quando estava no MI5, sob o pseudónimo de “Diretora K”, Metreweli disse que as ameaças à segurança nacional do Reino Unido “são realmente diversas”.
“As ameaças que estamos a analisar existem principalmente em torno da proteção do governo, proteção de segredos, proteção do nosso pessoal — portanto, contra assassinatos — proteção da nossa economia, tecnologia sensível e conhecimento crítico”, disse.
“A atividade do Estado russo, não a Rússia em si, continua a ser uma ameaça, e a China está a mudar a forma como o mundo é, o que apresenta oportunidades e ameaças incríveis para o Reino Unido”, referiu Metreweli.
A organização que irá dirigir enfrenta desafios múltiplos e sem precedentes. Em termos geográficos, este desafios têm origem principalmente na Rússia, China, Irão e Coreia do Norte, à medida que os quatro países cooperam cada vez mais para minar os interesses do Reino Unido e do Ocidente em todo o mundo.
Mas também existem desafios técnicos, diz a BBC. O papel do MI6 é recrutar agentes humanos para roubar segredos dos adversários da Grã-Bretanha, que incluem tanto nações hostis como grupos não estatais como a al-Qaeda.
Em setembro do ano passado, num artigo publicado no Financial Times, o líder chefe cessante do MI6, Sir Richard Moore, alertou que o mundo internacional estava “sob ameaça de uma forma que não víamos desde a Guerra Fria“.
Richard Moore, que deixará o cargo no outono, após cinco anos na função, disse estar “absolutamente encantado” com a “nomeação histórica” da sua colega. “Blaise é uma oficial de inteligência e líder altamente competente, e uma das nossas principais pensadoras em tecnologia“, afirmou.