Um ano depois da polémica com os livros de atividades para rapazes e raparigas, a Porto Editora fez uma nova edição, cedendo à recomendação da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG).
“Afinal a Porto Editora sempre acabou por fazer a coisa certa… Já não há diferenças para meninas e rapazes. Há livros para crianças!”. A frase é de Cláudia Matos Morgado, escrita num post no Facebook e agora citada pelo Diário de Notícias.
O comentário vem na sequência da capa do novo bloco de atividades para crianças, na qual se pode ver uma menina agarrada a um papagaio e um rapaz com uma paleta de aguarelas, rodeado de uma série de objetos diversos como um foguetão, uma bola de futebol, borboletas, corações e flores.
A farmacêutica de 35 anos foi a autora do post na mesma rede social que, em agosto do ano passado, lançou a polémica sobre os livros da editora, acusada de discriminação.
No decorrer da polémica, as reações da editora foram contraditórias, recorda o DN. A empresa chegou a anunciar que ia retirar os livros do mercado, seguindo a recomendação da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG) que considerava que os livros reforçavam “a segregação de género e os estereótipos de género, além de apresentarem uma diferenciação do grau de dificuldade”.
De seguida, quando a própria CIG foi criticada e acusada de “censura”, a editora portuense fez um comunicado a explicar que o seu conselho editorial tinha analisado os cadernos de atividades e concluíra não consubstanciarem qualquer discriminação, pelo que ia “pôr fim à suspensão de venda”.
Agora, passado um ano, a editora parece ter mudado outra vez de opinião, acatando a recomendação da CIG, com a qual se comprometeu a produzir conteúdos em conjunto.
“Confesso que fiquei orgulhosa. Andaram para cá, andaram para lá e acabaram por fazer a coisa certa. Devemos ficar todos orgulhosos com isso. É um grão de areia – mas é um passinho em direção a um futuro melhor”, comenta Cláudia ao jornal.
Contactada pelo DN, a CIG não tinha conhecimento de que a Porto Editora tinha feito uma nova edição dos cadernos de exercícios, por isso, adiantou que vai analisá-la antes de tomar qualquer posição sobre o assunto.
Realmente eram livros estranhos para uma época em que o ensino superior é dominado por elas. Talvez o objetivo da PE fosse puxar mais por eles a ver se chegavam à universidade pelo menos, mas unisexo também serve.