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Polémica com assessor de Boris Johnson causa uma demissão no Governo britânico

Andy Rain / Epa

Dominic Cummings, atual chefe de gabinete do primeiro-ministro Boris Johnson

Um membro do Governo britânico demitiu-se esta terça-feira por discordar da permanência em funções de Dominic Cummings, um assessor do primeiro-ministro criticado por romper o confinamento decretado devido à covid-19.

O deputado pela circunscrição de Moray, Douglas Ross, demitiu-se da posição de sub-secretário da Escócia por considerar existirem “aspetos da explicação” que Dominic Cummings deu no domingo com os quais não concorda.

O assessor de Boris Johnson deu uma conferência de imprensa inédita no domingo, nos jardins da residência oficial do primeiro-ministro, em Downing Street, para esclarecer e justificar as razões pelas quais viajou de automóvel com a família para a residência dos seus pais, em Durham, a mais de 400 quilómetros de Londres, em março.

Cummings disse que fez a viagem por receio de perder a capacidade de tomar conta do filho de quatro anos se ficasse doente, tendo em conta que a mulher já apresentava sintomas de infeção com o coronavírus (covid-19), e também manifestou preocupação com a segurança da família em Londres.

Tanto Cummings como Boris Johnson consideraram a decisão “razoável” e dentro da lei e afastaram a hipótese de demissão, mas Ross disse que recebeu várias queixas contra a interpretação do conselho do Governo para ficar em casa durante o confinamento.

Em março, o governo britânico ordenou a qualquer pessoa com sintomas relacionados com a covid-19 o isolamento em casa por sete dias e o resto da família por duas semanas, sem saídas sequer para comprar bens essenciais.

Tenho eleitores que não puderam dizer adeus aos seus próximos; famílias que não puderam fazer luto juntas; pessoas que não visitaram familiares doentes porque seguiram as orientações do Governo. Não posso de boa fé dizer-lhes que eles estavam errados e um assessor do Governo estava certo’, disse o deputado escocês.

Cummings, um dos mais poderosos conselheiros políticos em todo o Governo de Boris Johnson e o maior estratega do Brexit, disse não ter ponderado apresentar a demissão, acrescentando ainda que não se arrepende da decisão que tomou.

“Não ofereci a minha carta de demissão. Não considerei essa opção“, disse, citado pelo semanário Expresso. “Consigo entender que algumas pessoas considerem que eu devesse ter ficado em casa em Londres. Entendo essas opiniões, entendo as intensas dificuldades e sacrifícios que todo o país aguentou. No entanto, discordo respeitosamente de quem diz que errei. As leis de confinamento inevitavelmente não cobrem todas as circunstâncias, incluindo aquelas em que me encontrei”, disse Cummings.

“Acho que me comportei de forma bastante razoável dadas as minhas circunstâncias”.

ZAP // Lusa

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