Pelo PS, não há eleições (mas)

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O deputado socialista António Mendonça Mendes

O Partido Socialista (PS) avisou, esta quinta-feira, que só haverá eleições, se o Governo ou o Presidente da República quiserem. Mas o que fará o executivo e o Chefe de Estado quererem eleições; e que influência terá o PS nesse cenário?

Em nome do PS, António Mendonça Mendes afirmou, esta quinta-feira, que a aprovação do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) depende apenas do Governo.

Além disso, o dirigente socialista disse que só haverá eleições se Presidente da República ou o Governo quiserem.

“Em primeiro lugar, só não haverá aprovação do Orçamento se o Governo não quiser que o orçamento seja aprovado. Em segundo lugar, se porventura o orçamento não fosse aprovado, só haverá eleições ou se o Presidente da República quiser ou se o Governo quiser”, afirmou o deputado e dirigente socialista.

Estas posições foram transmitidas aos jornalistas, na Assembleia da República, a propósito da notícia segundo a qual Marcelo Rebelo de Sousa está decidido a convocar eleições legislativas antecipadas, em caso de chumbo do Orçamento.

“Mas”… será bem assim?

A convocação de eleições antecipadas estará, segundo o Correio da Manhã, dependente da aprovação do OE2025. Mas a aprovação está dependente de negociações que envolvem e dependem também do PS.

Ou seja – se o PS faz parte das negociações do OE e tem exigências; e se sem OE há eleições -, o PS também terá influência na convocação ou não de eleições e talvez seja demasiado “simplista” dizer que as eleições antecipadas estão totalmente dependentes do Governo e do Presidente.

O PS sabe o que quer?

Por seu turno, o ministro da Presidência António Leitão Amaro afirmou que o Governo ainda aguarda as propostas do PS quanto ao Orçamento do Estado, informando que “não há desenvolvimentos” quanto a novas reuniões.

Na conferência de imprensa no final do Conselho de Ministros, esta quinta-feira, António Leitão Amaro disse, sem detalhar, que há outros partidos que também admitiram enviar propostas ao Governo.

“Creio que o grande suspense para esse efeito vem da parte do PS”, disse o ministro. “Ninguém sabe o que é que o PS quer e seria importante, sabendo que o Governo mantém a disponibilidade para as negociações”, acrescentou.

“O Governo não fala sobre eleições, só trabalha para um cenário e um cenário apenas: nós estamos totalmente focados em que o país tenha um Orçamento aprovado” disse, quando questionado sobre as palavras de António Mendonça Mendes.

“Se há um partido ou dois partidos que não param de falar em eleições, talvez isso diga algo da sua intenção e das suas prioridades”, acrescentou.

Leitão Amaro insistiu que outros partidos que apresentaram propostas ao Governo saíram das reuniões com respostas, umas positivas, outras negativas.

“O único partido com o qual não é possível dizer se sim ou não, é o PS, porque ninguém sabe em Portugal o que é que o Partido Socialista quer. Passam semanas e o PS não diz o que é que quer no Orçamento de Estado. De vez em quando diz o que é que não quer. E nós perguntamos, então, mas isso significa o quê? Temos que esperar, temos que ver, temos que analisar”, disse.

Sobre até quando poderá o executivo esperar, respondeu: “Até ao limite que não é imposto por nós, que é o do tempo das decisões”.

A proposta de Orçamento do Estado para 2025 tem de dar entrada na Assembleia da República até 10 de outubro e tem ainda aprovação incerta, já que PSD e CDS-PP (partidos que suportam o executivo liderado por Luís Montenegro) somam 80 deputados, insuficientes para garantir a viabilização do documento.

Miguel Esteves // Lusa

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