Toni Albir / EPA

O Chefe do Estado-Maior da Armada, Gouveia e Melo, defendeu que o Estado português deve tomar uma posição diplomática formal relativamente ao ataque à embarcação com bandeira portuguesa da flotilha que se dirige a Gaza, sublinhando configura uma violação das leis da navegação.
Durante madrugada de terça-feira, em Tunes, capital da Tunísia, a uma embarcação com bandeira portuguesa terá sido atingida por um drone incendiário.
O ataque ocorreu durante a noite, quando um drone lançou um dispositivo incendiário sobre o ‘Family Boat’, embarcação com bandeira portuguesa que integra a Flotilha Global Sumud com rumo a Gaza, causando um incêndio que foi controlado pelos tripulantes e passageiros a bordo, entre os quais o ativista Miguel Duarte.
A coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, que também participa na missão, apelou a uma reação da comunidade internacional.
Numa reação, Henrique Gouveia e Melo, que foi Chefe do Estado-Maior da Armada, considerou que, por se tratar de uma embarcação com bandeira portuguesa atacada fora de uma zona de conflito, o Estado português deve reagir.
“As leis internacionais e as leis da navegação devem ser respeitadas, e nós, enquanto Estado, devemos lutar para que essas leis sejam todas respeitadas”, afirmou o candidato presidencial, em declarações à Lusa.
“Na minha opinião, deve [tomar posição], porque é um incidente em águas internacionais, numa zona que não é uma zona declarada de conflito, e nós não devemos permitir que em águas internacionais as embarcações sejam atacadas”, justificou.
O candidato reforçou que, embora o Estado português não deva assumir responsabilidade por embarcações que entrem voluntariamente em zonas de conflito, o caso em questão exige atenção diplomática.
“Uma coisa é uma embarcação entrar numa zona declarada como zona de conflito, de elevado risco, e aí a responsabilidade dessa atuação pode ser uma atuação irresponsável, não deve recair sobre o Estado português”, sustentou.
No entanto, prosseguiu, “em águas internacionais, num contexto de navegação normal, uma embarcação com bandeira portuguesa a ser atacada deve ser uma preocupação para o Estado português”.
Esta terça-feira, o Governo espanhol reiterou o apoio diplomático à flotilha que pretende alcançar Gaza. Contudo, afirmou que o alegado ataque a um dos barcos “não teve nada a ver com um drone“, sendo “um facto estranho, que é preciso investigar”.
A Guarda Nacional tunisina também negou a existência de qualquer ataque à flotilha com drones, garantindo que, de acordo com as suas primeiras constatações, “nenhum” aparelho tinha sido detetado.
Flotilha denuncia novo ataque incendiário
Já na madrugada desta quarta-feira, uma embarcação diferente denunciou ter sido alvo de um novo ataque incendiário com drone.
A flotilha ativista com destino a Gaza anunciou que outra das suas embarcações foi atingida ao largo de Tunes e disse suspeitar do ataque de um drone, 24 horas depois de um incidente semelhante, na embarcação com bandeira portuguesa.
Este anúncio surgiu horas antes da partida prevista da frota humanitária em direção ao território palestino sitiado por Israel.
O “Alma”, com bandeira britânica, foi atingido, segundo a organização ativista, em águas tunisinas, ao largo de Sidi Bou Saïd, o porto tunisino a norte de Tunes, capital do país.
Num vídeo publicado nas redes sociais pela relatora das Nações Unidas para os territórios palestinianos, Francesca Albanese, é possível ver uma bola de fogo a cair sobre o convés de um barco.
BREAKING!!‼️
Second attack on the Flotilla, still in Tunisian waters, in two days!
Video evidence suggests that a drone – with no light so it could not be seen – dropped a device 👇that set the deck of the Alma boat on fire.
Look by yourself and draw your conclusions https://t.co/ZQylq6aLYD pic.twitter.com/bJ8QaSzTho
— Francesca Albanese, UN Special Rapporteur oPt (@FranceskAlbs) September 9, 2025
“As imagens de vídeo sugerem que um drone — sem luzes, para não ser visto — lançou um dispositivo que incendiou o convés do barco Alma”, escreveu Albanese.
“Especialistas sugerem que se tratou de uma granada incendiária envolta em materiais plásticos embebidos em combustível, que poderia ter sido inflamada antes de cair sobre o navio”, acrescentou.
O barco “sofreu danos causados por um incêndio no convés superior. O fogo já foi extinto e todos os passageiros e tripulantes estão bem“, anunciou a flotilha no comunicado.
A agência France Presse tentou sem sucesso obter um comentário da Guarda Nacional tunisina sobre esta nova denúncia.
ZAP // Lusa
Guerra no Médio Oriente
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