Tiago Petinga / Lusa

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas
Manuel Alegre considera que o presidente da Câmara de Lisboa revelou falta de liderança perante o acidente com o elevador da Glória; e falta de educação nas críticas ao PS. Até José Sócrates arranjou tempo para repreender Carlos Moedas.
À saída do tribunal onde está a ser julgado no âmbito do processo Operação Marquês, em Lisboa, Sócrates arranjou tempo e disposição para dar um raspanete a Moedas.
O antigo primeiro-ministro desmentiu o atual presidente da Câmara Municipal de Lisboa sobre a demissão de Jorge Coelho, ministro do Equipamento Social em 2001, quando caiu a ponte de Entre-os-Rios.
Ao contrário do que Moedas sugeriu, Sócrates sublinhou que, na sequência da tragédia, o falecido dirigente socialista se demitiu por responsabilidade política e não porque sabia que existiam problemas no equipamento.
No domingo, durante uma entrevista à SIC, Carlos Moedas disse que o gabinete de Jorge Coelho tinha recebido informações que apontavam para a fragilidade da ponte ainda antes do acidente, enquanto no caso dele, pelo contrário, não recebeu qualquer sinal nesse sentido em relação ao Elevador da Glória.
“Isso é falso. Lembro-me de que, nessa noite, em que caiu a ponte sobre o rio, lembro-me perfeitamente de ter falado com o ministro Jorge Coelho. Não foi essa a razão da sua demissão [conhecimento da existência de problemas], foi uma razão política”, adiantou José Sócrates que, em 2001, era ministro do Ambiente e do Ordenamento do Território.
“[Jorge Coelho] não sabia nada que havia um problema que a ponte tinha e que o ministério já conhecia. Ele demitiu-se porque entendeu que havia responsabilidade política”, acrescentou o antigo primeiro-ministro.
“Falta de educação”, aponta Manuel Alegre
Esta terça-feira, Manuel Alegre foi questionado pela comunicação social à saída sobre o acidente da passada quarta-feira com o elevador da Glória, em Lisboa, que provocou 16 mortos e vários feridos com gravidade.
“Sinto-me de luto, como todos os lisboetas e todos os portugueses”, começou por afirmar o histórico socialista.
Interrogado sobre a atuação do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Manuel Alegre respondeu: “Não me tem parecido bem. Acho que ele não assumiu a liderança da situação tal como devia assumir”.
Na sua opinião, Carlos Moedas “foi muito infeliz” nas referências que fez ao PS: “Acho que houve aí também um problema de má educação na maneira como fez a crítica à candidata do PS à Câmara do Lisboa [Alexandra Leitão]”.
“E algo que me abstenho de classificar na maneira como se referiu a Jorge Coelho, que não está cá para se defender e que teve uma atitude muito nobre e muito digna quando se demitiu depois daquele acidente”, acrescentou o antigo deputado e vice-presidente da Assembleia da República.
Sobre a alegação feita no domingo, por Carlos Moedas, de que Jorge Coelho, se demitiu de ministro do Equipamento Social porque tinha recebido informações no seu gabinete que apontavam para a fragilidade da ponte de Entre-os-Rios, Manuel Alegre contrapôs: “Nunca ouvi dizer, nunca ninguém falou em tal coisa. Ele fez aquilo num ato digno, num ato puro“.
Quanto a uma eventual demissão do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, que é recandidato ao cargo nas eleições autárquicas de 12 de outubro, Manuel Alegre retorquiu: “Não peço a demissão, esse é um problema da consciência dele”.
Moedas recusa ter faltado à verdade
O presidente da Câmara de Lisboa recusou a ideia de ter faltado à verdade quando disse que o antigo ministro Jorge Coelho se demitiu após a queda da ponte de Entre-os-Rios por ter conhecimento prévio de problemas.
“Não faltei à verdade. […] Eu não quis ofender a honra de Jorge Coelho, eu quis honrar a honra de Jorge Coelho e a vida de Jorge Coelho, porque ele teve a coragem política no momento certo”, afirmou Carlos Moedas, em declarações aos jornalistas após a reunião da Assembleia Municipal de Lisboa.
No fim da reunião, que rejeitou a moção de censura do Chega a Carlos Moedas, o presidente da Câmara de Lisboa disse que “nunca” o executivo camarário recebeu informação sobre algum problema no elevador da Glória e afirmou que “não é verdade” que este equipamento tenha registado um aumento de passageiros.
ZAP // Lusa
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