Ao contrário dos humanos, que tendem a esforçar-se menos quando trabalham em grupos maiores, as formigas são ainda mais trabalhadoras e eficientes quando maior for a colónia.
Os humanos costumam trabalhar com menos eficiência em grupos grandes, mas as formigas tecedeiras desenvolveram uma estratégia que inverte este padrão. Um novo estudo publicado na Current Biology revela que estas formigas se tornam mais fortes à medida que as suas equipas crescem, graças a uma tática cooperativa a que os cientistas chamam “catraca de força”.
O fenómeno contraria o conhecido efeito Ringelmann, descrito pela primeira vez em 1913, que mostra que os indivíduos humanos reduzem o seu esforço à medida que o tamanho do grupo aumenta. Desde reuniões de escritório a competições de cabo de guerra, as pessoas geralmente contribuem menos por pessoa quando trabalham coletivamente. As formigas tecedeiras (Oecophylla smaragdina), no entanto, apresentam o padrão oposto, refere o SciTech Daily.
“Cada formiga individual quase duplicou a sua força de tração à medida que o tamanho da equipa aumentava – elas, na verdade, melhoram o seu trabalho em conjunto à medida que o grupo aumenta”, explicou a autora principal do estudo, Madelyne Stewardson, ecologista comportamental da Universidade Macquarie, na Austrália.
As formigas tecedeiras são insetos arborícolas encontrados em África, Ásia e Austrália, conhecidos por construírem ninhos aéreos puxando folhas e prendendo-as com a seda das suas larvas. Para perceber como conseguem tais feitos, os investigadores observaram colónias a formar correntes de tração em folhas artificiais ligadas a um medidor de força.
As formigas dividiram as tarefas em dois papéis: puxadoras da linha da frente e âncoras traseiras. As âncoras resistem e armazenam a força gerada pelas suas colegas de equipa, travando efetivamente o progresso enquanto as outras continuam a puxar. Esta coordenação produz a “catraca de força”, que evita os deslizamentos e permite que a equipa amplie a sua força com cada membro adicionado.
“As cadeias maiores de formigas têm mais aderência ao solo do que as formigas isoladas, pelo que conseguem resistir melhor à força da folha puxando para trás”, disse o co-autor David Labonte, do Imperial College London. “Junta, a equipa parece funcionar como uma catraca.”
Além de revelar dados novos sobre a cooperação entre insetos, o estudo pode inspirar inovações na robótica. As equipas de robôs atuais geralmente escalam a sua força apenas linearmente, o que significa que não conseguem mais por unidade do que uma máquina individual. Ao imitar a estratégia das formigas, os enxames robóticos podem gerar ganhos exponenciais.
“Ninguém tinha considerado utilizar um método semelhante ao utilizado pelas formigas para gerar força em enxames de robôs com várias patas, mas planeamos fazê-lo”, remata o co-autor Chris Reid, da Universidade Macquarie.