Pedro Nuno Santos desfez-se da participação que tinha na empresa de calçado do pai. A informação consta do seu registo de interesses na Assembleia da República que só foi publicado online um dia depois de ter anunciado a sua candidatura à liderança do PS.
A participação de 0,5% que o ex-ministro das Infraestruturas detinha na empresa do pai (a Tecmacal) deu que falar em 2019, quando surgiu uma polémica sobre familiares de governantes com negócios com o Estado.
Entre os casos relatados estava o de Pedro Nuno Santos e chegou a falar-se da possibilidade de demissão do então ministro. A empresa do seu pai somou 1,1 milhões de euros em contratos com o Estado.
A situação chegou a ser investigada e o então ministro teve que explicar-se numa audição no Parlamento. Pedro Nuno Santos sempre defendeu a sua inocência, notando que era uma participação “simbólica”, mas admitiu demitir-se se a Justiça decidisse que havia alguma ilegalidade.
Contudo, acabou por se concluir que não havia nenhum “impedimento legal” no facto de a empresa que tinha com o pai ter assinado contratos públicos.
Mas, “desde Fevereiro deste ano”, o ex-governante “não tem qualquer participação na Tecmacal”, apurou o Observador junto de fonte da candidatura de Pedro Nuno Santos à liderança do PS.
O ex-ministro desfez-se das acções dois meses depois de ter saído do Governo. A fonte da candidatura explica ao Observador que Pedro Nuno tratou de “doar” a sua participação “para não ter mais-valias da operação”.
Aquando do lançamento da sua candidatura à liderança do PS, Pedro Nuno Santos fez referência aos laços familiares e à sua ligação à indústria do calçado, recordando que é “neto de sapateiro e filho de empresário”.
Atraso na publicação do registo de interesses
Apesar de ter deixado de ter participação na empresa do pai em Fevereiro, Pedro Nuno Santos só entregou o seu registo de interesses na Assembleia da República (AR) a 19 de Setembro passado, após ter regressado ao plenário como deputado a 4 de Julho.
Contudo, a declaração de interesses de Pedro Nuno só foi publicada no site do Parlamento nesta terça-feira, ou seja, um dia depois de ter lançado a sua candidatura à liderança do PS. Assim, durante cinco meses, a informação não foi divulgada, como repara o Observador.
E a sua divulgação aconteceu depois de o jornal online ter contactado a secretaria-geral da AR a questionar sobre as razões da ausência desse registo.
“Poucas horas depois do email, o registo de interesses do antigo ministro das Infraestruturas foi publicado no site do Parlamento”, aponta o Observador.
De acordo com o Estatuto dos Deputados, Pedro Nuno Santos tinha 60 dias para apresentar a sua declaração de interesses. O prazo esgotou-se a 2 de Setembro passado.
Fonte da candidatura de Pedro Nuno Santos assegura ao Observador que este “entregou a declaração a tempo” e que terá sido o Parlamento a atrasar-se na sua publicação no site devido a “uma questão processual“.
“Os serviços da AR fazem a revisão dos documentos antes de seguirem para o Tribunal Constitucional”, explica a mesma fonte. Nesse sentido, enviaram “algumas questões por email” a Pedro Nuno Santos, “daí o atraso na publicação”, aponta a publicação.
Uma versão que a presidente da Comissão de Transparência, Alexandra Leitão, que é também a coordenadora da moção de Pedro Nuno Santos ao Congresso do PS, corrobora, garantindo ao Observador que este “submeteu o seu registo de interesses à Assembleia da República no dia 19 de Setembro de 2023“, mas já fora de prazo.
Mais um à espera de comer.
Vivemos todos pelas aparências, quando a realidade, na maior parte das vezes, é outra. Uma coisa é o formalismo, outra é o que se passa na realidade.
Não sei se PNS também renegou agora as relações de parentalidade…
Até parece que todos gostam de ser enganados. Vivemos no mundo aparente, fora da realidade.