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Jerónimo de Sousa diz que não vê incompatibilidade em Mário Centeno no BdP

José Sena Goulão / Lusa

O líder do PCP deu uma entrevista à TSF, esta terça-feira, na qual abordou vários temas da atualidade nacional, desde a eventual ida de Mário Centeno para o Banco de Portugal, a possibilidade de uma nova injeção no Novo Banco e as eleições Presidenciais.

Na entrevista à TSF, Jerónimo de Sousa considerou “inaceitável e um escândalo” que o Estado português continue a “encharcar” o Novo Banco de milhões de euros, quando há trabalhadores que “perderam tudo”.

Esses portugueses que “perderam tudo”, na atual crise causada pela pandemia de covid-19, vão “questionar que se injetem milhões e milhões de euros no banco”, afirmou, responsabilizando o Estado e os Governos pela situação.

Sobre a Lone Star, o secretário-geral do PCP afirmou que “toda a gente sabia quem era”, uma “espécie de abutre que procura apanhar os restos”, neste caso, do BES.

Jerónimo de Sousa fez ainda um comentário à notícia do Público de hoje, segundo a qual o contrato de compra pela Lone Star “previu que em ‘circunstâncias de extrema adversidade’, como uma pandemia, o Estado é forçado a injetar automaticamente o dinheiro necessário para manter o banco dentro das metas de solidez definidas”.

O secretário-geral comunista criticou que passe a “ser automático o encharcamento de milhões de euros numa autêntica sangria desatada, tendo em o quadro económico e social” em que o país vive. “Estas injeções permanentes são mais chocantes na situação em que vivemos”.

O líder do PCP voltou a defender a nacionalização ou “o controlo público” do banco, que os comunistas vêm defendendo nos últimos anos, criticando que, neste processo, o Estado seja “um mero pagador e espetador”.

PCP não vê incompatibilidade em Centeno no BdP

Na mesma entrevista, Jerónimo de Sousa esclareceu que o seu partido não concorda com a proposta do PAN para criar um período de nojo de cinco anos para governantes que transitem para o Banco de Portugal.

Não percebo o critério. Estamos de acordo no período de nojo quanto a banqueiros e auditores, mas não vemos o mesmo em relação a ex-governantes – não vemos razões para que seja aplicado”, declarou.

Questionado sobre o novo ministro das Finanças, João Leão, o líder comunista disse: “Não conheço bem a pessoa em si e não tenho nada contra“, preferindo manter-se fiel ao princípio de julgar as políticas e não as pessoas.

Também nesta terça-feira, o secretário-geral do PCP admitiu viabilizar, na generalidade, o Orçamento Suplementar, deixando em aberto o sentido de voto para a votação final global.

Sobre as eleições Presidenciais, o comunista explicou que o PCP está “em reflexão”, mas que vai apresentar o seu candidato “lá para setembro”. E sobre a sua própria permanência na liderança do partido?

Jerónimo disse que não se opõe à sua continuidade como secretário-geral do PCP, até porque se sente “fisicamente bem”, mas destacou que “o decisivo é a opinião dos camaradas”.

Questionado sobre se há racismo em Portugal, Jerónimo de Sousa não diz que “não exista preconceito e manifestações de racismo”, porém, acredita que “transformar isto na grande questão nacional” é um erro.

Maioria do povo português não é racista, estruturalmente, na sua esmagadora maioria, não é racista”, considerou.

ZAP // Lusa

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