O antigo secretário-geral da CGTP Arménio Carlos defendeu que o PCP deve “corrigir” a sua posição em relação à guerra na Ucrânia.
A posição do Partido Comunista Português (PCP) em relação à guerra na Ucrânia é polémica desde o primeiro dia. Inicialmente, o PCP recusou condenar a Rússia pelo ataque à Ucrânia, embora todos os partidos já o tivessem feito.
Em março, os comunistas votaram contra a resolução do Parlamento Europeu a condenar a invasão russa. Mais tarde, pela voz de João Oliveira, o partido acabou por reconhecer a invasão, mas acusou Volodymyr Zelenskyy de incorporar nazis nas Forças Armadas.
Uma série de eventos sucederam, com os comunistas a nunca serem muito incisivos na sua condenação das ações de Vladimir Putin. Em entrevista ao programa Hora da Verdade, do Público e Rádio Renascença, Arménio Carlos lamenta ver o PCP “queimar em lume brando” por não ter respondido diretamente à questão sobre se houve ou não invasão da Ucrânia pela Rússia.
“Como militante de base eu tenho esta opinião, que expressei há muitos meses. Continuo a expressar, porque aquilo que eu sinto, aquilo que me dói, aquilo que me custa, é que na sociedade portuguesa, com esta situação, o Partido Comunista continua a ser queimado em lume brando. É isso que eu não quero, porque não é isso que está na origem das posições do partido. O partido sempre foi contra a guerra, pela paz”, disse o sindicalista.
Com a chegada de Paulo Raimundo ao poder, o antigo secretário-geral da CGTP desafia até o partido a “corrigir” a sua posição.
“Acho que, neste momento, o partido só ganhará…Porque isto é assim. Quando alguma coisa não corre bem, nós também temos que dizer: não correu bem, não era aquilo que pensávamos, corrigir. Acho que o partido devia fazer isso”, aconselhou o antigo secretário-geral da CGTP.
Segundo Arménio Carlos, o partido “tem uma posição correta” sobre aquilo que levou à guerra, mas “o problema de fundo não é esse”.
“O problema de fundo é não se responder de uma forma objetiva a uma pergunta que foi feita: se houve ou não houve invasão na Ucrânia”, atirou.
Arménio Carlos salienta que, nas suas últimas intervenções, Paulo Raimundo “já deu mais algumas nuances” sobre a condenação da invasão russa.
O novo secretário-geral do PCP assumiu que a posição do partido quanto à guerra na Ucrânia é “simples e simultaneamente complexa”. Mas mantém o discurso habitual, frisando que a Rússia é um “cão atiçado” por EUA, NATO e União Europeia.
“Não há dúvida de que há uma intervenção militar russa na Ucrânia” que o PCP “não relativiza”, começa por notar Raimundo, antes de recorrer a uma história de infância para ilustrar que o Kremlin foi instigado.
“Tenho um amigo de infância e – miúdos de seis, sete anos – ele tinha um cachorrinho. Então a brincadeira que se montou – que era uma coisa completamente absurda – era três crianças que à vez atiçavam o cão. Quando o cão vinha para morder gritavam e o cão, coitado, baixava… Esse meu amigo, que era o dono do cão, quando foi a vez dele de fazer esse movimento de atiçar o cão, o cão deu-lhe 20 e tal dentadas. Ao dono! E a pergunta é: a culpa é do cão? O cão é culpado desse ato?”, questionou Paulo Raimundo.
Bem pode “mudar” tudo o que quiser ! . Não será uma eventual mudança de opinião relativa a Putin , para simplesmente sobreviver , que vai gerar qualquer confiança neste Partideco ! . Quando se escolhe un lado , há que o assumir !