Papa Francisco diz que transexuais “são filhos de Deus”

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O Papa Francisco

Os transexuais são “filhos de Deus”. As palavras são do Papa Francisco numa entrevista onde referiu também que o Vaticano vai nomear um representante permanente que “faça a ponte” entre Moscovo e Kiev sobre o regresso de crianças ucranianas deportadas.

Esta entrevista foi concedida pelo Papa à publicação espanhola Vida Nueva Digital antes da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Lisboa, mas só foi divulgada nesta sexta-feira.

O Papa Francisco refere que lhe “atiram à cara” que recebe transexuais nas audiências gerais no Vaticano.

O líder da Igreja Católica nota que quem costuma levar transexuais às audiências é uma monja francesa que pertence à fraternidade das Irmãzinhas de Jesus, fundadas por Charles de Foucauld, que vive num circo e se dedica a ajudar transexuais.

“Da primeira vez que as trouxe, as raparigas saíram a chorar. Deram-me a mão e disseram: ‘Dei a mão ao Papa e deu-me um beijo’. Vocês são filhas de Deus: continua a amar-vos como são”, conta o Papa.

Mulheres trans ‘são filhas de Deus’, diz papa.
“Elas saíram chorando, dizendo que eu havia dado a mão a elas, um beijo… Como se eu tivesse feito algo excepcional com elas. Mas são filhas de Deus! Ele gosta de você assim.” pic.twitter.com/4c2sEIDBnS

— Pedro Faria (@PedroMFaria) August 4, 2023

Nesta entrevista, o Papa Francisco considera também que a Igreja não está preparada para um Concílio Vaticano III, acrescentando que não é “necessário neste momento, uma vez que ainda não está em marcha o Concílio Vaticano II”.

“Este foi muito arriscado e há que pô-lo em marcha. Mas existe sempre o receio, que nos contagiou a todos, de forma velada, por parte dos ‘velhos católicos’ que, já no Vaticano I, se designavam como ‘depositários da verdadeira fé’. É importante sair ao encontro dos sofismas”, destaca.

“A chave para baixar a tensão do conflito” entre Rússia e Ucrânia

Sobre a guerra na Ucrânia, o Papa afirma que o seu enviado especial ao conflito, o cardeal Matteo Zuppi, foi a Kiev, onde “persiste a ideia da vitória sem optar pela mediação”.

“Também esteve em Moscovo, onde encontrou uma atitude que podíamos qualificar como diplomática por parte da Rússia. O avanço mais significativo que se alcançou tem a ver com o regresso das crianças ucranianas ao seu país”, sublinha.

O Papa refere que o Vaticano vai fazer “tudo o que estiver ao seu alcance para conseguir que cada parente que reclame o regresso dos seus filhos o consiga“.

“Para tal, estou a pensar em designar um representante permanente que sirva de ponte entre as autoridades russas e ucranianas. Para mim, no meio da dor da guerra, é um grande passo”, salienta.

O representante máximo da Igreja acrescenta ainda que, após a visita do cardeal Zuppi a Washington, a sua próxima escala prevista é em Pequim, notando que os Estados Unidos e a China têm “a chave para baixar a tensão do conflito”.

“Todas estas iniciativas são o que eu denomino como uma ‘ofensiva de paz’”, conclui.