A redução no fornecimento de khat está a tornar a droga cara e pouco acessível à população. Ela é associada a um maior risco de enfarte e doenças cardíacas.
Khat é uma droga cuja substância ativa é a catinona e é tradicionalmente consumida em África e na Península Arábica. O seu poder alucinogénico é considerável, transmitindo uma sensação de euforia. Há até quem especule que possa aumentar a performance sexual. Um pouco por todo o Corno de África, desde a Etiópia à Somália, khat é usada como droga recreativa.
Conhecida como “a flor do paraíso”, khat é mascada por cerca de 90% dos adultos da Somalilândia. Além disso, tem um grande valor para a economia, já que representa quase um terço do seu produto interno bruto (PIB). O Instituto de Investigação Médica do Quénia estima que mais de 10 milhões de pessoas em todo o mundo consomem khat.
Agora, com a pandemia de covid-19, muitos países desta região viram-se obrigados a implementar medidas restritas à movimentação de pessoas. O confinamento fez com que o negócio de khat sofresse um duro golpe, já que não pode ser transportado livremente além fronteiras, escreve o portal OZY.
“Para muitas mulheres, o comércio de khat foi passado de geração em geração, de mãe para filha e assim por diante”, explica Sahra Ahmed Koshin, investigadora da Universidade de Copenhaga, que estuda a diáspora somali. “É a principal fonte de rendimento e essa é a única habilidade ou profissão que conhecem”.
As dificuldades em comercializar khat levam agora as milícias a vender khat a preços demasiado elevados, tornando a droga inacessível para a maioria das pessoas.
Especialistas relatam que o vício em khat levou, no passado, homens a gastar dinheiro que poderia ter sido usado para a educação dos filhos ou para melhorar a qualidade de vida da sua família. Assim, o efeito da pandemia no consumo de khat pode ter um impacto positivo nas nações do Corno de África.
Paralelamente, os casos de violência doméstica também têm vindo a diminuir. O consumo desta droga era responsável por muitos deles.
Há rumores de que as folhas de khat podem transportar coronavírus, embora não haja evidências científicas que suportem esta ideia. O que é certo é que o seu consumo está associado a um maior risco de enfarte e doenças cardíacas.
A falta de fornecimento de khat tem sido uma bênção disfarçada, garanta o ativista somali anti-khat Abukar Awale. O próprio está a apoiar uma petição para banir a droga no país, contando já com mais de 3.750 assinaturas em três semanas.
Coronavírus / Covid-19
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