Os homens mais poderosos do mundo querem que as mulheres façam mais bebés

Alguns dos homens mais poderosos do mundo estão de acordo numa coisa: querem que as mulheres tenham mais filho. Esta é a solução para resolver os problemas de baixa natalidade, reforçar os contingentes militares do futuro, ou simplesmente garantir a sustentabilidade da segurança social.

Numa curiosa convergência de opiniões, os líderes de três dos países poderosos do mundo (e um conhecido bilionário excêntrico) estão a apelar ao aumento das taxas de natalidade, enfatizando a necessidade de as mulheres terem mais filhos.

Este apelo à ação, comum a vários países, é um sinal claro da crescente preocupação com a diminuição das populações e o futuro das demografias nacionais.

O presidente chinês, Xi Jinping, tem estado na vanguarda deste movimento, recorda o Insider.

Em outubro, ao dirigir-se à Federação das Mulheres de Toda a China, Jinping realçou a importância de estabelecer uma nova cultura familiar focada no casamento e na procriação.

A China, que enfrenta o seu primeiro declínio populacional desde 1961, já fez mudanças significativas na sua política de natalidade, tendo abandonado recentemente a política do filho único em vigor desde 1978 e passando a permitir que os casais tenham até três filhos.

O problema é que, apesar dos incentivos do Estado e dos apelos de Jinping à procriação, os jovens chineses estão a colocar de lado a opção de ter filhos, e muitos juram mesmo que nunca os terão.

Também o presidente russo, Vladimir Putin,  expressou preocupações semelhantes com a quebra populacional no país.

Em novembro, durante o  Conselho Popular Russo Mundial, em Moscovo, Putin instou as mulheres russas a imitar as suas antepassadas, tendo famílias numerosas. Para Putin, cada russa devia ter 8 filhos (ou mais).

“Lembremo-nos que as famílias russas, muitas das nossas avós e bisavós, tiveram 7, 8 ou até mais filhos. Vamos reavivar esta excelente tradição“, disse o presidente russo, que vê assim uma forma de preservar a população da Rússia, face às pesadas baixas e emigração resultantes da invasão da Ucrânia.

A situação é semelhante na Coreia do Norte. A semana passada, num discurso sobre a queda da taxa de natalidade no país,  Kim Jong Un apelou às norte-coreanas que contribuam para a construir uma nação socialista poderosa, tendo mais filhos.

A situação é aparentemente tão dramática que Kim até chorou.

Este apelo surge num momento em que a taxa de fertilidade da Coreia do Norte diminuiu significativamente, uma tendência também observada nos vizinhos do sul. Segundo um relatório divulgado em julho, a Coreia do Sul está em extinção.

Também o Japão, o país com a população mais idosa do mundo, vive sob a ameaça de uma bomba-relógio demográfica. O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, anunciou em março que vai duplicar os gastos fiscais do governo destinados a programas que promovem a natalidade. “É agora ou nunca“, alertou.

Mas os apelos a que as mulheres tenham mais filhos não se cingem a políticos e líderes mundiais. Elon Musk, o controverso bilionário fundador da Tesla e SpaceX,  juntou-se ao coro.

Musk acredita que o colapso da população devido à baixa natalidade é um risco muito maior para a civilização do que o aquecimento global.

O famigerado dono do eX-Twitter, conhecido pelas suas opiniões francas e pai de 10 filhos, critica os casais que escolhem não os ter, enquadrando esta opção como uma questão moral (ou, mais precisamente, tributária).

“Há uma moralidade duvidosa nos casais que escolhem não ter filhos: estão objetivamente a exigir que os filhos dos outros cuidem deles quando forem velhos”, escreveu Musk a semana passada no Twitter. E a solução é simples, acha o bilionário: quem não tem filhos “não devia poder votar”.

Assim, para alguns dos principais líderes mundiais, há uma forma de resolver os problemas de baixa natalidade, reforçar os contingentes militares do futuro e  garantir a sustentabilidade da segurança social: seguir as tradições das nossas avós e fazer mais bebés.