Os 16 habitantes da minúscula ilha alemã de Oland enfrentam com frequência fortes inundações, que ameaçam a ilha. Porém, não têm intenção de a abandonar.
Oland é uma das ilhas Hallig, pequenas ilhotas localizadas no Mar do Norte que se encontram a apenas alguns metros acima do nível do mar — e que por isso correm o risco de inundar facilmente, principalmente quando a maré está alta.
É o que acontece no inverno, quando fortes tempestades inundam a ilha de Oland durante semanas. “Durante as tempestades, a água inunda o terreno em que vivemos”, conta Hans Richardt, um dos moradores da ilha, à BBC. Contudo, a luta pela sobrevivência em Oland começou no início do século XX.
“Por volta de 1900, todas as ilhotas desta região foram protegidas com muralhas de pedra com o objetivo de preservar a ilha e a estabilizar. Caso contrário, não estaríamos aqui agora”, conta o morador à BBC.
Apesar de a ilha ter sobrevivido até agora aos ataques da natureza, as inundações dificultam o uso do porto para transporte pela população local.
No entanto, a ilha é ligada ao continente através de uma linha férrea, e os moradores conduzem uma espécie de vagão aberto por trilhos — uma viagem de cerca de 20 minutos. “As pessoas na cidade andam de metro e de comboio. Aqui, nós conduzimos vagões”, afirma Richardt, orgulhosamente.
O morador explica que “a linha férrea foi construída em 1923, mas não era destinada a vagões. Então, desloquei-me a Husum para negociar com o governo federal, e consegui autorização para que os moradores pudessem usar a via férrea”.
Bettina Freers, uma das moradoras da pequena ilha, recorda à BBC a primeira vez que se deparou com o surpreendente meio de transporte. “Achei muito interessante, não tinha teto. Foi como viajar em outro mundo”, descreve, sublinhando que foi em Oland que encontrou a paz que procurava.
“A grande diferença é que eu vim de uma grande cidade, e de repente, foi como se me tivessem desligado o interruptor. Cheguei aqui e ouvia o canto dos pássaros. Conseguia ouvir o vento entre as árvores. Depois vi o mar, e senti calma”, conta Freers.
Questionado se sentia medo das inundações, Richardt assume que “medo não acho que seja a palavra certa. Respeito, sim. Inquietação, talvez, quando o nível da água está muito alto, pode ser perigoso”.
Freers também não se deixa intimidar pelas partidas que a meteorologia às vezes lhes resolve pregar, e adianta que não tenciona abandonar o local.
Porém, a ilha parece não agradar a todos, e talvez por isso só tenha 16 moradores. “Já não temos aqui crianças, e ninguém se quer mudar para cá. Éramos 52 moradores, e agora somos 16”, lamenta Hans Bernhard, ex-dirigente da pequena ilha.