Afinal, o que é que aconteceu ao Moskva? Famílias de tripulantes e televisão estatal exigem respostas

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Ministério da Defesa da Rússia

Cruzador russo RTS Moskva em exercícios no Mar negro em fevereiro de 2022

Depois do afundamento do Moskva, as versões da história multiplicam-se. As famílias de tripulantes e até um famoso pivô da televisão estatal russa exigem respostas.

O cruzador de mísseis Moskva, que liderava a frota russa do mar Negro, afundou-se ao ser rebocado de volta ao porto. Segundo o conselheiro do Ministério dos Assuntos Internos da Ucrânia, Anton Gerashchenko, o capitão do navio de guerra russo Moskva, Anton Kuprin, morreu na sequência do ataque.

Como tal, o Ministério da Defesa da Rússia prometeu aumentar os ataques com mísseis à capital ucraniana, como resposta à alegada agressão da Ucrânia ao território russo, que se seguiu à perda do navio.

Ainda assim, a história quanto ao afundamento do Moskva varia conforme quem esteja a contá-la.

A Ucrânia argumenta que não houve sobreviventes, os EUA dizem que alguns marinheiros terão sobrevivido e a Rússia assegura que os tripulantes escaparam. A morte de Anton Kuprin também é negada por Moscovo.

Um alto responsável do Pentágono assegura que os EUA viram sobreviventes a serem resgatados por outros navios russos nas proximidades.

Além disso, a Rússia argumenta que se tratou de um incêndio, enquanto a Ucrânia argumenta que o afundamento se deveu ao lançamento de mísseis.

“Vimos que outros navios tentaram auxiliá-lo, mas mesmo as forças da natureza estiveram do lado da Ucrânia porque a tempestade impossibilitou a operação de resgate e a retirada da tripulação”, disse Natalia Gumeniuk, porta-voz das forças militares do sul da Ucrânia.

O jornal russo independente Novaya Gazeta Europe falou com a mãe de um marinheiro que estava a bordo, cujo filho terá dito que o navio foi atingido por três mísseis.

“Há mortos, feridos, desaparecidos. O meu filho telefonou-me mal eles obtiveram telefones. Tiveram de deixar os documentos e telefones. Ligou-me a chorar pelo que viu. Foi assustador. Claro que nem todos sobreviveram”, disse a mulher. O marinheiro disse ainda que alguns dos seus colegas tinham perdido membros devido às explosões.

O jornal contabiliza que cerca de 40 marinheiros morreram, vários estão desaparecidos e muitos ficaram feridos.

O The Washington Post relata também que parentes de outros membros da tripulação do Moskva também começaram a surgir nas redes sociais com perguntas sobre o destino dos marinheiros.

A Rússia “tinha dito que toda a tripulação tinha sido retirada”, escreveu Dmitry Shkrebets, pai de Yegor, marinheiro que estava no Moskva.

“É mentira! Uma mentira descarada e cínica! Depois das minhas tentativas para esclarecer os detalhes do acidente, o comandante do navio deixou de comunicar comigo. Apelo a toda a gente que não tem medo, nem é indiferente, para que transmita esta mensagem em cada oportunidade que tenha, para não vermos esta tragédia abafada”, acrescentou.

Yulia Tsyvova, por sua vez, recebeu um telefonema do Ministério da Defesa russo, na segunda-feira, informando que o seu filho tinha morrido. “Ele tinha apenas 19 anos, era um recruta”, disse, em lágrimas, a mãe do marinheiro ao The Guardian. “Estou certa de que ele não é o único que morreu”.

Os russos querem respostas. De acordo com o Expresso, Vladimir Solovyov, um importante pivô da televisão estatal russa, exigiu respostas sobre o acontecimento durante a emissão do canal televisivo russo.

“Expliquem-me apenas como conseguiram perdê-lo! Digam-me por que diabos estavam naquela zona do Mar Negro naquele momento”, atirou. “Por que é que o sistema de extinção de incêndio não funcionou e a embarcação ardeu praticamente de dentro para fora?”.

Daniel Costa, ZAP //

5 Comments

  1. Surpreendo-me com a surpresa de parentes dos jovens russos mortos e desaparecidos no navio. Eles estavam na guerra, não em um passeio da turma do colégio. Lembra-me a piada do comediante Raul Solnado, que tratou a guerra como se uma brincadeira fosse. Não é, não.

  2. Quando o povo russo acordar já vai ser tarde, tal como aconteceu com os alemães na 2ª guerra mundial. Cá em Portugal quem apoia o Putin vai ter que engolir grandes sapos.

  3. Resposta de um governo assassino? De qualquer forma o comportamento das tropas russas na carnificina demonstra bem que não são apenas comandados por um governo bárbaro, mas que se trata da mesma cultura abrangente a todo o cidadão russo!

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