O “Plano de Emergência” de Montenegro já entrou em vigor?

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Filipe Amorim / Lusa

O primeiro-ministro, Luís Montenegro

Apresentado no final de maio, pode continuar a ser difícil perceber se o “Plano de Emergência” do Governo para o SNS já entrou em vigor. Numas coisas, sim; noutras, não. Uma coisa é certa: Os problemas do SNS não se resolvem de um dia para o outro.

No final de maio, o Governo apresentou o novo Plano de Emergência para a Saúde.

Mas a situação no Serviço Nacional de Saúde (SNS) continua difícil.

Particularmente, as grávidas continuam a sofrer com o caos nos hospitais.

O caso mais recente é o de uma grávida a quem lhe foi recusado o atendimento no hospital das Caldas da Rainha, depois de ter tido um aborto espontâneo.

Ora, uma das promessas (e tida também como uma das prioridades) do Governo e um novo canal de atendimento para grávidas.

Acompanhar as mulheres durante a gravidez através da nova linha SOS Grávida, disponível através do SNS24, é fundamental para garantir que as grávidas sejam encaminhadas devidamente para os hospitais mais perto da sua casa.

O programa prevê — com reforço das parcerias com setores social e privado — incentivos financeiros para aumentar a capacidade de realização de partos, a criação de um regime de Atendimento Referenciado de Ginecologia de Urgência e a atualização dos rácios das equipas em locais de parto.

No último fim-de-semana, mais de 10 urgências de Ginecologia/Obstetrícia e de Pediatria estiveram fechadas em todo o país. Cinco grávidas acabaram por ser transportadas de hospitais públicos para privados.

Há quem acredite estratégia do Governo vai acabar por destruir o SNS. É o caso do ex-ministro da Saúde António Correia de Campos que aponta que este novo plano depende demasiado da intervenção do setor privado e vai conduzir “inevitavelmente” a uma “diminuição do Serviço Nacional de Saúde”.

“Pretende ser um plano de emergência, não estratégico, e tem a consideração mítica de que o privado resolve tudo. Acaba por ser estratégico nas consequências de destruição do SNS“, alerta.

Também o bastonário da Ordem dos Médicos Carlos Cortes disse, no mês passado, que “não há nenhum plano que seja capaz de sustentar aquilo que está a acontecer no SNS” – principalmente, no verão.

PS e PSD continuam a trocar “culpas”

Esta terça-feira, o Partido Socialista inicia uma ronda por unidades de saúde para avaliar os efeitos de encerramentos nas urgências de ginecologia e obstetrícia.

O líder parlamentar do PSD Hugo Soares acusou o PS de oportunismo culpando-o pelo estado a que o SNS chegou.

“O PS tem que meter a mão na consciência. O desafio de recuperar o SNS do colapso que resultou dos últimos oito anos é enorme e precisa da ajuda de todos”, Hugo Soares, em declarações à agência Lusa.

Para Hugo Soares, o PS, “em vez de se aproveitar dos problemas que deixou, tem de meter a mão na consciência” e “mesmo o PCP e o BE não estão inocentes”.

As declarações de Hugo Soares surgem depois do PS ter anunciado no domingo que iria pedir reuniões com os hospitais que estão com urgências encerradas e apelado a Luís Montenegro que apresente medidas que respondam às dificuldades do SNS.

Há um ano, Montenegro (na altura, líder da oposição) acusava o Governo de António Costa de “falta de visão” para resolver os problemas nos hospitais.

“Não quero estar a ser tremendista, mas o SNS está a colapsar, não pela via financeira, como tradicionalmente era apresentado durante muitos anos, mas pela via dos recursos humanos. É preciso dar um murro na mesa, é preciso ter a ousadia de arriscar novas soluções”, dizia o social-democrata.

O Governo de Montenegro prometeu – no final de maio, quando apresentou o plano – estabelecê-lo “de forma rápida e realista”. É aguardar e esperar que surta feito.

Na semana passada, foi dado um passo importante para resolver um dos principais problemas das urgência. Foi aberto o primeiro Centro de Atendimento Clínico do país, em Lisboa, para casos menos urgentes referenciados pelo SNS 24 e pela urgência do Santa Maria.

Miguel Esteves, ZAP // Lusa

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6 Comments

  1. Como se costuma dizer “É mentir a descarada” , tantos “Desgovernos” que se sucederam para chegar a esta pouca vergonha ! ….. Tantos Elefantes Brancos que abundam neste Portugalito , e o essencial para a Sociedade fica na gaveta !

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  2. “Também o bastonário da Ordem dos Médicos Carlos Cortes disse, no mês passado, que “não há nenhum plano que seja capaz de sustentar aquilo que está a acontecer no SNS””
    Há. Demorará algum tempo a ter efeitos.
    Com algum planeamento, e não faz falta muito, os Governos deviam aumentar o número de vagas de acesso aos cursos de Medicina e ao fim de uma década teriam muitos mais profissionais e os Governos e, em especial, os Portugueses, não seriam reféns de uma classe profissional, que, a generalidade formada com os impostos dos portugueses, vai chantageando os Governos e quem padece são os portugueses.
    Deixem-se de desculpas sobre a dificuldade de formar Médicos, a começar pela Ordem dos Médicos.
    Se há Médicos portugueses que vão para o estrangeiro, à semelhança de tantas outras classes profissionais, porque é que não se deve aceitar o exercício de Medicina, em Portugal, por Médicos estrangeiros?
    Deixem-se de justificações balofas. Acabem com as “vacas sagradas” existentes neste País..

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  3. Porque não se fala no absentismo no SNS? A acreditar nos últimos números que vieram a público sobre o nº de diasde trabalho perdidos até junho (9,2 milhões!), cerca de um terço dos profissionais nunca lá está! Corrigir essa situação deveria ser a primeira das prioridades. É um problemas de gestão? É fraude generalizada? Tem que haver uma explicação e tem que haver consequências.

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  4. Quando há uma emergência, é uma grande infantilidade começar por despedir (ainda por cima através do espetáculo dos jornais e televisões), as pessoas que estavam à frente da gestão concreta do SNS e dos hospitais e que conheciam de perto os problemas sérios que existiam e existem. Os novos nomeados demoram, naturalmente, algum tempo a tomarem as rédeas dos sistemas que vão gerir e isso causa desequilíbrios num universo já de si instável. Só excecionalmente, em caso óbvio de incapacidade ou de má-fé ideológica, é que se jjustificaria a substituição desses dirigentes, A superficialide das medidas do governo conduziu ao que estamos a ver neste momento: a situação a piorar, em vez de se tentar melhorar o funcionamento e atingir uma maior estabilidade no sistema público.

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  5. Se estivesse na oposição o monte negro já tinha pedido a demissão da marta temido … como está onde está , pede para deixar trabalhar … Trabalhar ??? não me parece , preocupa-se mais em substituir os tachos pelos amigos e pelos privados . Ora aí está para quem neles votou … gramem-nos .. são uns autênticos montes de M.. da

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