O plano de Costa para não deixar morrer a CPLP

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José Coelho / Lusa

O primeiro-ministro português António Costa

Os chefes de Estado e de Governo da CPLP recomendaram a mobilidade de jovens e a promoção de um programa de intercâmbio para “reforçar o diálogo, a troca de experiências e o trabalho em rede”, bem como para “garantir um futuro à comunidade”, como referiu António Costa.

O primeiro-ministro português defendeu este domingo, na cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em São Tomé e Príncipe, um programa de intercâmbio académico que permita a frequência de um semestre noutro país da organização.

“Que daqui até 2026, possamos conseguir ter nos nossos diferentes países pelo menos um curso onde todos sejamos certificados para podermos ter ao nível da CPLP uma frequência como o programa europeu Erasmus“, disse António Costa no seu discurso na cimeira.

A sugestão de António Costa passa por, “pelo menos em cada um dos cursos, em cada uma das universidades, de cada um dos nossos países, haver um semestre reconhecido para que os jovens possam circular entre os países” que compõem a comunidade, disse o governante português.

Se queremos garantir futuro à nossa comunidade, é fundamental promover a mobilidade dos nossos jovens e criar este programa que estimula a circulação dos estudantes universitários”, disse o primeiro-ministro português.

António Costa foi apoiado pelos chefes de Estado e de Governo da CPLP, que encorajaram o aumento da “cooperação comunitária para a elaboração e ampla disseminação de oportunidades de formação e capacitação destinadas a jovens sobre conservação da biodiversidade, a transição energética justa e inclusiva, o desenvolvimento sustentável nas suas três dimensões – social, económica e ambiental –, para o fomento de “iniciativas de criação de redes de estudantes e jovens profissionais com recurso a plataformas eletrónicas ou de trocas de informação”.

Os líderes da CPLP também incentivaram “a partilha de boas práticas e experiências sobre políticas públicas e processos regionais e multilaterais de capacitação e valorização da juventude e da sustentabilidade”, que integrem “o direito à educação e os demais direitos civis, políticos, económicos, sociais e culturais e o incentivo à participação dos jovens em todos os níveis dos processos de tomada de decisão“.

Marcelo chama pelos jovens

Marcelo Rebelo de Sousa defendeu a abertura das cimeiras da CPLP aos jovens, a fim de evitar que a organização se torne uma “montra de personalidades” ou uma “relíquia do passado”.

Intervindo na 14.ª conferência de chefes de Estado e de Governo da CPLP, Marcelo Rebelo de Sousa saudou a “maioria crescente de jovens” nesta organização.

O Presidente da República defendeu que a CPLP deve “não só trabalhar para a sua sustentabilidade, como dar-lhes mais e mais rápida voz ativa, participação nas cimeiras, mas sobretudo na transformação da sua vida e do seu papel comunitário, feito de qualificação, emprego, condições sociais, intercâmbio, mais acelerada mudança geracional”.

“Os jovens têm de sentir que comunidade é sua, não e só daqueles que a lançaram ou que a governam hoje. É deles também e cada vez mais e faz a diferença nas suas vidas”, apontou Marcelo Rebelo de Sousa.

O chefe de Estado português referiu que em 2026, quando se celebrar o 30.º aniversário da CPLP, “terão de ser novas gerações, senão liderantes na comunidade, pelo menos determinantes em parte essencial da sua liderança”.

O Presidente português considerou que “só assim a CPLP não correrá nunca o risco de se converter numa relíquia do passado ou numa montra de personalidades de uma arena política e mediática, cada vez mais distante dos nossos povos e dos nossos jovens“.

A CPLP, que integra Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, realiza hoje a 14.ª conferência de chefes de Estado e de Governo, em São Tomé e Príncipe, sob o lema “Juventude e Sustentabilidade”.

ZAP // Lusa

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2 Comments

  1. Num mundo finalmente livre da hegemonia americana, a CPLP poderá ser um dos polos que estarão na base das futuras relações internacionais. Liberdade de circulação e de estabelecimento em qualquer país da CPLP para os cidadãos dos outros países da comunidade é um passo essencial que ajudará a fortalecer a CPLP. O resto virá por acréscimo.

  2. Liberdade de circulação na CPLP?!?!?!!? Já ouviste falar do espaço Schengen?! Achas mesmo que seria possível ou desejável?! Tens medido a temperatura?!

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