O “menino de oiro” do PS não é candidato a nada (e quando se demite, demite-se)

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António Pedro Santos / Lusa

O ex-ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos.

O ex-ministro das Infraestruturas e da Habitação Pedro Nuno Santos garantiu esta quinta-feira que não é candidato “a nada” e que vai voltar à Assembleia da República como deputado no dia 4 de julho.

Na audição na comissão parlamentar de inquérito à TAP, que durou cerca de oito horas, Pedro Nuno Santos, em resposta ao deputado do PSD Paulo Moniz, foi perentório: “Não sou candidato a nada. Vou ser deputado à Assembleia da República no dia 4 de julho”.

O antigo governante escusou-se a fazer grandes comentários sobre o início da intervenção de Paulo Moniz na terceira ronda, na qual fez uma comparação de Pedro Nuno Santos com José Sócrates, sem nunca referir o nome do ex-primeiro-ministro, referindo-se a um “menino de oiro com muitas certezas e carisma”.

“Prefiro nem estar a recordar o que disse. Diz mais sobre si do que sobre mim”, disse Pedro Nuno Santos, considerando que “esse discurso que foi ensaiado deve ser aprimorado”, apesar de guardar e agradecer “a ideia do carisma”.

Numa análise do DN publicada esta quinta-feira, Pedro Nuno Santos aparece à cabeça de uma lista de sete potenciais sucessores de António Costa à frente do Partido Socialista.

Quando questionado pelo PSD sobre o facto de, ao contrário da sua demissão, António Costa ter recusado a do seu sucessor João Galamba, Pedro Nuno Santos escusou-se a fazer comentários, mas fez questão de dizer: “A decisão de demissão foi minha e quando decido demitir-me, decido demitir-me, ponto final”.

“Eu tinha e tenho uma boa relação com o primeiro-ministro. Vou sempre vendo muitas leituras. Nunca senti falta de solidariedade do primeiro-ministro”, assegurou Pedro Nuno Santos.

Pedro Nuno Santos respondeu ainda que o ministro das Finanças, Fernando Medina, não pediu a sua opinião antes de convidar a Alexandra Reis para secretária de Estado do Tesouro. “Soube no dia em que foi público”, garantiu.

“Fiquei com pena pela NAV, mas fiquei a achar que o ministro das Finanças tinha ganho uma excelente secretária de Estado do Tesouro”, realçou.

Sobre a comparação sobre a indemnização a Alexandra Reis que tinha feito com o caso da Caixa Geral de Depósitos, Pedro Nuno Santos esclareceu que quando se referiu ao banco público foi para mostrar que o Governo “reconheceu o direito ao CEO da CGD de constituir a sua equipa” mesmo com “despesa significativa”.

“Faz sentido, e tem valor, um CEO poder constituir a sua equipa”, referiu.

Mais cedo, o ex-ministro tinha assumido que a indemnização a Alexandra Reis foi um processo “que objetivamente correu mal”, apesar de ter representado menos de 1% do trabalho que o ministério teve na TAP, e que lamentava o que aconteceu à ex-administradora.

“A engenheira Alexandra Reis era um quadro da TAP competentíssimo, altamente competente, inteligente, trabalhadora, lamento muito isto que lhe aconteceu e espero que consiga refazer-se rapidamente, porque será útil a quem quiser trabalhar com ela”, disse o antigo ministro.

O ex-ministro disse ainda, sobre a devolução de dinheiro da CGD ao Estado, que o “setor da banca e aviação são diferentes”, apontando que o “negócio da banca tem gerado os lucros que tem gerado” e recordando que a Caixa foi “alvo de uma capitalização gigantesca”.

“Uma capitalização, e bem, que foi uma grande vitória do Estado português”, destacou, sublinhando que aconteceu na altura em que o Governo minoritário do PS era apoiado parlamentarmente pelos partidos à esquerda, ou seja, durante a geringonça.

Em 4 de janeiro — dia em que Pedro Nuno Santos foi substituído no Governo nas suas pastas ministeriais por João Galamba (Infraestruturas) e Marina Gonçalves (Habitação) – foi sabido que o ex-ministro pediu para sair do Secretariado Nacional do PS e ia requerer a suspensão de mandato do seu lugar de deputado no Grupo Parlamentar socialista por 30 dias.

ZAP // Lusa

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