José Sena Goulão / Lusa

António Ramalho, presidente do Novo Banco
A auditoria especial ao Banco Espírito Santo/Novo Banco concluiu que a gestão de António Ramalho não informou o Fundo de Resolução que foi desaconselhada duas vezes pela direção de compliance do banco a avançar com as operações de venda de imóveis.
O jornal Público avança esta terça-feira que o Novo Banco não avisou o Fundo de Resolução de que foi por duas vezes desaconselhado pela direção de compliance a avançar com as vendas de carteiras de imóveis que envolveram a consultora espanhola Alantra.
Segundo as conclusões da auditoria especial ao Banco Espírito Santo/Novo Banco, estes dois “chumbos” internos só foram reportados à entidade liderada por Máximo dos Santos quase dois anos depois, em junho de 2020.
A auditora revela ainda que não conseguiu confirmar ou excluir eventuais ligações entre os compradores das carteiras de ativos vendidas pelo Novo Banco e sociedades próximas do próprio banco ou da Lone Star, o fundo norte-americano que adquiriu 75% a instituição em 2017.
Por outro lado, o Novo Banco contesta a omissão ao Fundo de Resolução desses pareceres da direção de compliance. “O banco sempre reportou os seus assessores ao Fundo de Resolução”, afirmou a administração numa nota enviada ao mesmo jornal.
Nascido na resolução do BES (em 3 de agosto de 2014), 75% do Novo Banco foi vendido em outubro de 2017 ao fundo de investimento norte-americano Lone Star, mantendo o Fundo de Resolução bancário 25%, numa solução acordada entre Banco de Portugal e governo.
Desde então e até hoje, o Fundo de Resolução já injetou 2.976 milhões de euros e ainda poderá colocar mais de 900 milhões de euros, valores que em cada ano têm impacto nas contas públicas uma vez que o Fundo de Resolução é uma entidade da esfera do Estado.
A auditoria independente ao Novo Banco pela Deloitte era aguardada com expectativa, principalmente depois de terem sido noticiadas suspeitas sobre a venda de imóveis e pelas sucessivas injeções de capital pelo Fundo de Resolução com recurso a financiamento dos contribuintes.
A consultora falhou o prazo limite que o Executivo lhe tinha dado para apresentar as suas conclusões, o que fez com que o Governo suspendesse todas as eventuais operações de venda de ativos.
Na semana passada, o Ministério das Finanças disse, em comunicado, que o relatório de auditoria da Deloitte ao Novo Banco revelava perdas líquidas de 4.042 milhões de euros no Novo Banco (entre 4 de agosto de 2014, um dia após a resolução do BES, e 31 de dezembro de 2018) e “descreve um conjunto de insuficiências e deficiências graves” no BES, até 2014, na concessão de crédito e investimento em ativos financeiros e imobiliários.
E então o “prémio” milionário do Ramalhete?