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A maioria dos portugueses tem orgulho e sente-se bem com Portugal. O nosso “jardim à beira mar plantado”, como escreveu Tomás Ribeiro, é uma espécie de País das Maravilhas. Eu também faço parte dessa maioria.
Foi, pois, com entusiasmo que Portugal e os Portugueses atribuíram ao longo dos últimos 18 anos várias dezenas de distinções relacionadas com a nossa cultura.
Locais, monumentos ou tradições, que pelo seu lugar de destaque e relevância, mereceram realce, promoção e proteção. São as nossas Maravilhas!
Em 2007, foram eleitas as 7 Maravilhas de Portugal, ou seja, os sete monumentos mais relevantes do património arquitetónico português.
Seguiram-se as Maravilhas da Natureza, as Aldeias, as Praias, as Maravilhas à Mesa, as Maravilhas da Gastronomia, as da Nova Gastronomia, os Doces, as Maravilhas da Cultura Popular e também, mas não menos importantes, as 7 Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo.
E é exatamente sobre esta última eleição que gostaria escrever.
Parece-me claro que um dos principais objetivos deste tipo de eleição está relacionado com a valorização e promoção da cultura e identidade nacional. Tudo o resto surge por acréscimo: a procura, o interesse e o turismo.
É essencial, no entanto, preservar a essência e as singularidades de cada uma das realidades que se elegeu.
Senão vejamos: não podemos eleger o Caldo Verde como uma das maravilhas gastronómicas e depois substituir a sua couve-galega, por couve-lombarda; também não podemos eleger a Praia do Guincho como uma das praias maravilhosas de Portugal e permitir que seja fustigada pela poluição ou com problemas relacionados com o urbanismo.
Parece simples! O mesmo sucede aos monumentos: se elegemos a Torre de Belém, como uma das 7 Maravilhas de Portugal, temos de a preservar.
Ainda recentemente, o Mosteiro de Alcobaça, uma das 7 Maravilhas eleitas, foi apresentado pela World Monuments Fund – a mais importante organização internacional independente, dedicada à preservação de património em todo o mundo – como um dos 25 locais do mundo em perigo de preservação.
Mas há outros exemplos: a Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto (Brasil), uma das 7 Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo, foi apontada por esta mesma organização, como um dos monumentos em risco; também a Basílica do Bom Jesus em Goa está, desde 2021, noticiada como estando em “risco de colapso”.
Parece-me, pois que, neste propósito, o dever e interesse em preservar está claramente a falhar.
Esta eleição – a das 7 Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo – contou com o apoio do então Ministério da Educação e Cultura, e teve como principal objetivo “divulgar o legado patrimonial da Expansão Portuguesa no Mundo”.
A minha questão é a seguinte: concluída a eleição, termina a nossa responsabilidade para com este património? É verdade que, apesar de ser de origem Portuguesa, este património não é Português. Não será simples apoiar de forma ativa medidas que promovam a sua preservação.
De todo modo, sendo estes 7 monumentos, uma espécie de salas de vista de Portugal espalhadas pelo mundo, todas as formas ativas de apoio à sua preservação, estudo e salvaguarda deveriam ser equacionadas: programas de intercâmbio, de colaboração entre institutos e universidades, programas de estudo e estágios, convite ao mecenato cultural de empresas exportadoras (conheço alguns bons exemplos com instituições bancárias e de telecomunicações).
Não sei. O que sei é que a fórmula terá ser encontrada, para que este nosso legado seja preservado.
Se nada for feito, o que sucedeu no passado dia 5 de fevereiro, com o desabamento do teto na Igreja de São Francisco de Assis, em Salvador da Bahia, voltará a suceder noutros monumentos de origem Portuguesa. Também este monumento estava já referenciado desde 2022, devido à falta de manutenção e conservação e esta foi já referida como “uma tragédia anunciada”.
Mas muito mais grave: este desabamento causou um morto e cinco feridos, uma vez que, infelizmente, a igreja permanecia aberta ao turismo, apesar dos problemas estruturais já identificados.
O imóvel é propriedade da Ordem Primeira de São Francisco, à qual compete a responsabilidade direta pela gestão e manutenção. Por estar classificado, está ainda sob a proteção do Iphan, o Instituto do Património Cultural Brasileiro.
Obviamente, nenhuma instituição portuguesa tem qualquer tipo de responsabilidade sobre o que sucedeu. Mas sabemos também que situações como estas poderão vir a repetir-se, até porque na maior parte destes países a preservação do património não é uma prioridade.
É nosso dever e interesse, que este “nosso” património permaneça em bom estado de conservação. As nossas Maravilhas têm de ser valorizadas. E sim, essa aposta dá trabalho; não podemos simplesmente ficar à espera numa toca de coelho, como sucedeu à Alice, para poder usufruir do nosso País das Maravilhas!
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E eu tenho IMENSA VERGONHA até de dizer que sou tuga. !IMENSA VERGONHA do Bando de deliquentes que assalataram o Poder.
Eu tenho orgulho dos Valorosos Portgueses , dos antepassados, mas com o ADN da tropa que agora abunda em todo o canto, não passam como dizi um antigo Presidnete da Alemanha, “Um Bando de Piratas e um Covil de Ratazanas” fico a duvidar se nos antepassados existia esse ADN também .