Investigadores espanhóis terão resolvido mistério geológico com nova simulação.
Cientistas do Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC) de Espanha desvendaram um dos maiores mistérios da geologia mediterrânica: o chamado paradoxo do Mediterrâneo, um fenómeno que intrigava a comunidade científica há décadas por sugerir que a bacia mediterrânica esteve seca e com água ao mesmo tempo, durante o Messiniano, há cerca de 5,5 milhões de anos.
A chave para resolver o enigma foi um novo modelo numérico desenvolvido pelo centro Geociências Barcelona, que permitiu simular 600 mil anos de alterações geológicas na região. A ferramenta teve em conta variáveis como a precipitação, evaporação, erosão fluvial e os movimentos verticais da crosta terrestre, aponta o El Confidencial.
O estudo, publicado no passado dia 11 de julho na Science Advances, revela que, após o isolamento do Mediterrâneo do oceano Atlântico, o nível da água da bacia desceu até dois quilómetros. Esta descida drástica foi causada por intensa evaporação, que deixou extensos depósitos de sal. Mas a presença de fósseis de organismos de água doce ou salobra, tanto em zonas costeiras como nas profundezas marinhas, colocava em causa a teoria de uma desidratação total.
As novas simulações mostram que, apesar da queda acentuada do nível do mar, a entrada de água doce de rios eurasiáticos e dos antigos lagos do Paratethys (mar interior raso que se estendia da região ao norte dos Alpes, na Europa Central, até o mar de Aral, na Ásia Central) formou sistemas de lagos pouco profundos e dispersos.
🌊La paradoja del Mediterráneo, un mar vacío y lleno a la vez hace más de 5 millones de años
🌏Un estudio del #CSIC señala que los cambios climáticos y el aporte de agua desde ríos y lagos explicarían esta contradicción aparente de finales del Mioceno
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— CSIC (@CSIC) July 15, 2025
Este cenário explica a coexistência de vestígios fósseis aparentemente contraditórios. A fase final desta crise, conhecida como Lago-Mare, ficou marcada por flutuações no nível da água devido a alterações climáticas provocadas pelas oscilações na inclinação da Terra em relação ao Sol.
O investigador principal, Daniel García-Castellanos, explicou que estas oscilações periódicas provocaram a formação de corpos de água de baixa salinidade e de curta duração, criando habitats instáveis e com biodiversidade limitada.
Un nuevo estudio propone una explicación a la paradoja del #Mediterráneo, un mar vacío y lleno a la vez hace más de 5 millones de años. 🌊
El trabajo, liderado por @GEO3BCN_CSIC, se ha publicado en Science Advances.https://t.co/lfPyT3qaFf pic.twitter.com/vZAvl8a3k5— CSIC en Catalunya (@CSICCat) July 16, 2025
A crise terminou abruptamente com o regresso das águas atlânticas ao Mediterrâneo.