Nova guerra aberta entre as duas gerações. A Z está a ser atacada pelo seu olhar silencioso, mas que diz muito aos millennials. Mas os jovens adultos têm argumentos a seu favor.
Expressão vazia, irritante, que faz os outros sentirem-se estúpidos. Ou olhos arregalados, revirados e sobrancelhas erguidas. O fenómeno está a ganhar tração nas redes sociais, especialmente no TikTok, onde o debate entre millennials e jovens adultos é cada vez mais acalorado. Afinal, o que é isto do “Gen Z stare” — ou “olhar da Geração Z“?
Muitas pessoas têm vindo a “atacar” a geração Z pela forma como comunicam no dia-a-dia, especialmente no ambiente de trabalho. Não falam nem respondem: limitam-se a olhar fixamente, queixam-se os mais críticos.
Boa parte destas experiências com pessoas da geração Z em “modo avião” é relatada em serviços de atendimento ao público. Quem denuncia o fenómeno diz que os funcionários mais jovens encaram os clientes em silêncio, em vez de os cumprimentarem ou iniciarem a conversa. Ficam à espera que o cliente diga algo.
O mesmo fenómeno é notado quando os papéis são invertidos, queixa-se outra utilizadora do TikTok que trabalhou numa boutique e que recebia “o olhar” das clientes mais jovens.
É má-educação? Antipatia? Falta de competências sociais? Ou falta de profissionalismo e bom-senso? Se calhar não é nenhum.
A defesa da Geração Z
A geração Z defende-se das alegações dos seus pais: o olhar fixo não é hostil, mas sim uma reação àquilo que consideram comportamentos descarados e arrogantes deles, explicam alguns jovens adultos.
E lembram: não, o cliente não tem sempre razão. Alguns utilizadores acreditam que o olhar da moda está ligado a isso: é uma forma de resistência perante a condescendência de clientes ou face à própria autoridade.
O dito “olhar da geração Z” é visto por alguns como uma forma de processar o que se passa num determinado ambiente. Como quem se questiona (sem palavras): “a sério?”.
Pode ser também uma consequência de anos durante os quais os jovens não foram incentivados a expressar-se perante gerações mais velhas, mesmo quando tinham razão — a velha questão da educação e dever de respeito pelos mais velhos que se sobrepõe, muitas vezes, à razão e igualdade de direitos, lembram os “gen zers”.
Muitas pessoas mais velhas “falam demasiado, dizem coisas estúpidas com orgulho, mas estão a ser estúpidas”, diz uma utilizadora do TikTok, dirigindo-se especificamente às interações na restauração, setor onde trabalha, num desabafo que já conta com mais de 11 milhões de visualizações e 3,3 milhões de ‘gostos’.
Alguns especialistas, como Jen Twenge, citada pelo The Independent, e pelo The New York Times, apontam o dedo aos confinamentos da pandemia da Covid-19 que, aliados ao aumento do uso da tecnologia, podem ter limitado o desenvolvimento das competências sociais presenciais da Geração Z.
Já a psicóloga especializada em jovens adultos, Meg Jay, admite que o olhar mal-encarado se pode dever à inexperiência e insegurança que o primeiro emprego traz. O contexto de trabalho tem várias dinâmicas e os jovens podem ainda não saber reagir de imediato a todos os contextos profissionais, explica ao Business Insider.
Por outro lado, “isto não é nada de novo“, lembra a psicóloga Ellen Hendriksen: “todas as gerações criticam as que lhes seguem”. E de facto, este parece ser mais um caso em que os millennials metem a geração Z na mesma caixa em que foram inseridos pelos boomers, décadas antes.
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