“Ninguém sabia”: Hernâni Dias iliba primeiro-ministro e admite que “não foi cauteloso”

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ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

O ex-secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território, Hernâni Dias.

Ex-secretário de Estado garante que “ninguém sabia daquilo que estava a fazer”, e diz nem saber “do que está a ser alvo” e explica que não declarou empresa por entender que não tinha de o fazer.

O ex-secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território admitiu esta terça-feira no parlamento que houve da sua parte falta de cautela política, mas garantiu que o primeiro-ministro não sabia das empresas que criou.

Ouvido na Comissão de Poder Local e Coesão Territorial, Hernâni Dias reconheceu que se demitiu devido a falta de cautela “na dimensão política” e por entender que não deveria ser “um elemento prejudicial à governação do país”.

O antigo secretário de Estado garantiu ainda que nem o primeiro-ministro, nem o ministro da Coesão Territorial, tiveram conhecimento da criação das duas empresas por trás do caso que levou à sua demissão e acrescentou que “ninguém sabia daquilo que estava a fazer“.

“Não houve aqui nada que estivesse escondido, nada que merecesse nenhum tipo de censura relativamente àquilo que foi a minha atuação. No entanto, eu próprio não estaria confortável comigo se, eventualmente, estivesse a ser um elemento desestabilizador da ação do Governo. E, por isso, apresentei a minha demissão”, assegurou.

Hernâni Dias demitiu-se em finais de janeiro, depois da polémica relacionada com a criação, por si, já depois de entrar no governo, de duas imobiliárias no governo que podem vir a beneficiar com a nova lei dos solos. É a Secretaria de Estado da Administração Local que tutela as alterações a esta lei.

Porque não declarou segunda empresa?

Hernâni Dias frisou que foi “muito cauteloso na dimensão legal, na constituição das empresas”, reafirmando que a Entidade da Transparência deu o aval à criação da primeira empresa referida no caso. No entanto, admite que não foi “tão cauteloso na dimensão política, e essa foi aproveitada pelos partidos”.

Na fase de perguntas, os partidos insistiram em perceber os motivos que levaram Hernâni Dias a não comunicar a criação de uma segunda empresa à Entidade da Transparência, ao contrário do que fez na primeira empresa.

O antigo governante explicou que entendeu que não tinha de o fazer porque, ao contrário do que aconteceu no primeiro caso, não foi o próprio a entrar no capital social da empresa, mas sim a primeira empresa que constituiu.

No entanto, acrescentou, enviou no dia 6 de janeiro uma comunicação eletrónica à Entidade da Transparência a pedir esclarecimentos sobre essa segunda empresa, à qual não obteve ainda resposta.

O secretário de Estado garantiu ainda não ter havido “nenhum tipo de aproveitamento” da alteração à lei dos solos, nem “nenhuma aquisição de terrenos” ou imóveis, nem está previsto que assim seja.

“Hoje é curioso que nós já não julgamos as pessoas por aquilo que fizeram, nós queremos julgar as pessoas por aquilo que supostamente virão a fazer amanhã e é o caso que aqui estamos a tratar. Portanto, estamos a falar daquilo que supostamente deveria ser feito no dia de amanhã”, acrescentou.

“Não violei legislação, não cometi nenhum crime, não tenho rigorosamente nada a esconder. Gostaria de ter acesso a alguma informação para perceber do que estou a ser alvo”, disse ainda.

Ainda antes de ser eleito o novo secretário de Estado da Administração Local, já se sabia que o ex-presidente da Câmara de Bragança Hernâni Dias estava envolvido numa investigação que decorre no Ministério Público (MP) no âmbito da venda de um terreno municipal para a construção de um hospital privado na cidade transmontana.

A venda, entretanto anulada, foi feita a um preço 75% abaixo da avaliação de mercado. Mas o MP está a investigar a legalidade do perdão de 229 mil euros de taxas municipais ao hospital privado.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. Este “artista” diz que ” foi cauteloso”.
    Ou nem tanto…
    Foi outro “oso”!!! Capcioso, serve?
    Segundo afirma, “não houve nenhum tipo de aproveiranento” ….
    …”ainda”, digo eu!
    Gozem dos proveitos, que para isso se esmeram, mas
    NÃO NOS GOZEM!!!

  2. Isto faz lembrar do tempo do anterior governo, não respondiam logo e depois vinham com a conversa já preparada… nada muda, somos mesmo muito pequenos… casos e casinhos…

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