O primeiro ministro da Saúde do mandato de Jair Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta, publicou um livro sobre o combate à pandemia no Brasil e revelou que o Presidente teve uma reação “negacionista” e “raivosa”.
De acordo com o portal brasileiro G1, que ouviu o ex-ministro da Saúde brasileiro Luiz Henrique Mandetta no programa “Conversa com Bial”, o ex-governante disse que Bolsonaro negou a seriedade e a gravidade da pandemia – mesmo depois de ser informado de que poderiam morrer centenas de milhares de pessoas.
O ex-ministro revelou ainda que trabalhava com um cenário de 180 mil mortes, número que já não está muito longe da situação atual – mais de 141 mil óbitos. “Eu nunca falei em público que eu trabalhava com 180 mil óbitos se nós não interviéssemos, mas a ele mostrei”, contou Luiz Henrique Mandetta. “Entreguei por escrito, para que ele pudesse saber a responsabilidade dos caminhos que ele fosse optar. Então, foi realmente uma reação “bem negacionista e bem raivosa”.
Segundo o Época, o livro do ex-ministro revela ainda o desfecho de uma reunião do Executivo brasileiro, no início da pandemia, quando Bolsonaro deu por terminada a mesma quando Luis Henrique Mandetta elogiou João Dória, o governador de São Paulo, pela forma como reagiu à crise sanitária.
O portal refere que o livro conta que Bolsonaro estava “extremamente irritado” por Dória dominar os noticiários brasileiros na altura.
“Foi assim que acabou a reunião”, pode ler-se no livro. “Um esforço tremendo, com a unanimidade dos ministros dizendo que ele não deveria ir por aquele caminho da negação, que daquele jeito ele estaria isolado, mas ele encerrou a reunião do mesmo jeito que entrou nela”.
No livro, Mandetta dá conta também de várias reuniões em que achava que seria despedido, de “traições” e do dia em que sentiu que Bolsonaro lhe disse que sabia de todos os seus passos e por onde andava.
Na semana passada, no lançamento da publicação, Mandetta disse que o livro mostra que pode-se “ter um técnico”, mas “a política, no entanto, tem papel preponderante”.
Mandetta foi o primeiro ministro da Saúde do Governo de Bolsonaro. Entrou em janeiro de 2019 e saiu, depois de divergências, a 16 de abril.
Coronavírus / Covid-19
-
20 Outubro, 2024 Descobertas mais provas de que a COVID longa é uma lesão cerebral
-
6 Outubro, 2024 A COVID-19 pode proteger-nos… da gripe