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Navalny enganou agente russo para saber detalhes sobre envenenamento. Químico estava na sua roupa interior

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Numa reviravolta bizarra na tentativa de envenenamento de Alexei Navalny, o opositor russo e crítico do Kremlin, terá conseguido que um agente secreto (que terá participado no crime) revelasse detalhes importantes sobre a operação.

Fingindo ser um oficial do Kremlin, Navalny fez uma audaz chamada telefónica matinal a Konstantin Kudryavtsev, um funcionário da agência de segurança da Rússia, horas antes de uma investigação jornalística na segunda-feira passada o revelar como um dos oito suspeitos na tentativa de homicídio do opositor russo.

De acordo com a CNN, Navalny pediu ao agente da operação para preparar um relatório de duas páginas para “tu sabes quem” na liderança russa.

Kudryavtsev, que revela estar em auto-isolamento, parece entender que estão a ser solicitadas informações confidenciais, mas passa a dar um relato da operação “falhada”.

Segundo o agente, a operação foi bem planeada e teria terminado como deveria se o avião de Tomsk para Moscovo, onde estava Navalny em 20 de agosto, “tivesse voado um pouco mais”.

Confirmando suspeitas de longa data, Kudryavtsev disse que apenas o raciocínio rápido do piloto, que desviou para Omsk, e socorristas – que administraram um antídoto na pista – evitou um resultado letal.

A investigação conjunta Bellingcat-Insider-CNN publicada na semana passada sugeriu que o papel de Kudryavtsev na operação foi “limpar”. O agente chegou a Omsk em 25 de agosto, cinco dias após o envenenamento, e voltou imediatamente a Moscovo.

Na chamada, Kudryavtsev confirmou que não participou na administração do veneno, identificado em setembro como pertencente à família Novichok de agentes nervosos.

Quando questionado se o veneno foi aplicado em todas as roupas do Navalny, respondeu afirmativamente. O agente foi convidado a “trabalhar com a caixa” das roupas de Navalny e, em particular, o “objeto mais arriscado” – as suas cuecas. As instruções eram claras: remover a toxina das costuras internas da área da virilha.

Esta é a primeira admissão de que as roupas eram o principal alvo da operação.

“Os boxers cinzentos?”, interrompeu Navalny. “Não, eram azuis, tanto quanto me lembro”, respondeu Kudryavtsev.

Kudryavtsev, um médico militar, reafirmou que é improvável que haja qualquer vestígio da “substância” no corpo. “É absorvido muito rápido”, disse.

Durante a conversa de 45 minutos, o agente citou vários dos seus supostos cúmplices, referindo “Mikhail”, que lhe deu as roupas em Omsk, e que os investigadores posteriormente identificaram como Mikhail Yevdokimov, o chefe local do braço antiterrorismo do FSB.

Kudryavtsev também menciona o cientista militar especializado em Novichok Stanislav Makshakov, o seu chefe, que sabia “muito mais” sobre a operação.

Kudryavtsev também confirmou a participação de Ivan Osipov e Alexei Alexandrov, ambos identificados no relatório Bellngcat-Insider-CNN. Apenas Vasily Kalashnikov, que é citado pelo agente, está ausente desse relatório.

Rússia anuncia sanções contra responsáveis europeus

A Rússia anunciou esta terça-feira sanções contra responsáveis europeus em represália contra as medidas adotadas em outubro pela União Europeia após as informações sobre o suposto envenenamento do opositor russo Alexey Navalny.

Criticando as sanções europeias que visam desde outubro vários altos responsáveis russos, a diplomacia de Moscovo acaba de indicar que “vai alargar a lista de representantes dos países membros da União Europeia impedidos de entrar no território da Federação Russa”. As autoridades não identificaram os responsáveis visados pelas sanções.

A notícia das novas sanções russas surge um dia depois da divulgação da conversa telefónica entre Navalny e um agente dos serviços especiais russos (FSB), que classificaram a gravação como “uma falsificação” e “uma provocação”.

Responsáveis franceses, alemães e suecos na Rússia tinham sido chamados esta terça-feira ao Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, que criticou abertamente os três países pelas posições sobre o presumível caso de envenenamento de Navalny.

Navalny adoeceu gravemente durante um voo da Sibéria para Moscovo em agosto. Foi levado primeiro a um hospital em Omsk, no sudoeste da Sibéria e, depois, levado para Berlim para receber tratamento. Laboratórios alemães, franceses e suecos determinaram que foi envenenado por um agente nervoso Novichok da era soviética.

Laboratórios na Alemanha, França e Suécia, assim como a Organização para a Proibição de Armas Químicas, demonstraram que fora exposto a um agente neurológico Novichok da era soviética, facto que impulsionou a aplicação de sanções do bloco europeu contra Moscovo.

Navalny há muito considera o Kremlin responsável pelo seu envenenamento. Moscovo nega as acusações. Na semana passada, o Presidente russo Vladimir Putin afirmou que Navalny não era “suficientemente importante” para ser um alvo do Kremlin – e, se fosse, a Rússia teria “terminado o trabalho”.

Maria Campos, ZAP // Lusa

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6 Comments

  1. Putin o Grande então é apenas um miserável loser mentiroso.
    Ele afirmo que se fossem os dele, não teriam falhado.
    Um Falhado e um Loser.

    • Hábitos herdados do comunismo que dificilmente desaparecerão, pois, o Putin para além de vir dessa linhagem parece estar a eternizar-se no Poder.

  2. Das duas uma, ou o processo de recrutamento e treino dos serviços secretos de Putin andam lassos a ponto de permitir que amadores se descozam todos numa chamada de telemóvel que ainda por cima não está na sua lista de “contactos” especiais, ou então alguém anda a querer fazer de lorpa a opinião pública ocidental… A mim, custa-me sinceramente a crer que os herdeiros de um dos melhores e mais temidos serviços secretos do mundo fossem descoser-se assim numa chamada de telemovel sem confirmarem a identidade de quem está do outro lado da linha… Quer dizer, quantos de nós iriam confessar por temovel a um desconhecido que tinhamos tentado assassinar alguém… agora imaginem um espião treinado… Tenham dó…!…

  3. Os ditadores caiem sempre um dia. Talvez esse dia fique mais próximo para Putin depois desta alhada internacional (fica claro que os outros casos semelhantes de mortes de políticos opositores e jornalistas foi ordenado por si e organizado pelo seu gabinete de ódio). Talvez o povo russo perceba melhor quem é o seu “comandante”.. só espero que o Hitlerilas nunca chegue a provar poder porque não queremos mais ditaduras estalinistas ou nazis.

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