NATO corrige membro que disse que a Ucrânia podia ceder território à Rússia

A NATO corrigiu o alto funcionário que disse que uma boa solução para resolver o impasse da adesão da Ucrânia à organização, era ceder território à Rússia. A posição da Aliança Atlântica “permanece inalterada”.

A NATO assegurou hoje que a sua posição sobre a Ucrânia “permanece inalterada”, depois de o chefe de gabinete do secretário-geral da Aliança ter sugerido que, para facilitar a adesão, Kiev poderia fazer cedências territoriais à Rússia.

“A posição da NATO é clara e permanece inalterada. Como os líderes da NATO reiteraram na cimeira de Vilnius, em julho, apoiamos totalmente a soberania e a integridade territorial da Ucrânia”, disse à EFE um porta-voz da Aliança Atlântica.

“Continuaremos a apoiar a Ucrânia pelo tempo que for necessário. Estamos comprometidos com uma paz justa e duradoura. A Ucrânia decidirá quando e em que termos a paz será alcançada e há claramente uma necessidade de garantias de segurança para garantir que a guerra não se repita”, acrescentou.

Num fórum político na Noruega, Stian Jenssen, chefe de gabinete do secretário-geral da Aliança Atlântica, fez comentários sobre uma possível cedência do território ucraniano à Rússia, segundo revelou na terça-feira o jornal local VG.

“Acho que uma solução pode ser a Ucrânia ceder território e receber a adesão à NATO em troca. Não estou a dizer que deveria ser assim, mas é uma solução possível“, disse Stian Jenssen.

No entanto, realçou que a Ucrânia deve decidir “quando e em que condições quer negociar”.

“Há movimentos essenciais sobre a questão de uma futura adesão da Ucrânia à NATO. É do interesse de todos que a guerra não se repita”, sustentou.

Segundo o jornal norueguês VG, Jenssen afirmou que a Rússia “está a sofrer muito do ponto de vista militar” e “parece irreal” que possa ganhar mais território, apontando que a questão é “o que a Ucrânia pode recuperar”.

Jenssen redimiu-se

Em entrevista ao jornal norueguês que inicialmente noticiou os seus comentários, Jenssen reconheceu que o seu comentário “foi um erro” e que “não deveria ter falado daquela forma”.

Além disso, salientou que, “se se chegar ao ponto de haver negociações, a situação militar no terreno, quem controla o quê, será central, e terá necessariamente uma influência decisiva sobre a forma do eventual desfecho desta guerra”.

“É por isso que é muito importante apoiar os ucranianos com o que eles precisam”, considerou.

Questionado se a NATO quer iniciar uma discussão sobre como acabar com o conflito com a Rússia, Jenssen recusou alongar-se, dizendo que prefere “ser prudente e não especular muito”.

“Acho que o principal é apoiar os ucranianos. Eles estão no meio de uma ofensiva. É preciso lembrar que no início da guerra havia a preocupação de que a Ucrânia pudesse cair em algumas semanas ou dias. Isso não aconteceu de qualquer forma. Eles mostraram uma resposta heroica contra um poder superior. A questão é quanto território a Ucrânia é capaz de recuperar”, comentou.

Kiev considera a “narrativa inaceitável”

Kiev, por seu lado, considerou a sugestão inicial de Jenssen absolutamente inaceitável e criticou o facto de um representante da NATO estar a apoiar “uma narrativa de cedência territorial” que “apoia as posições da Rússia”.

“Que um representante da NATO esteja a apoiar a narrativa de uma cedência territorial é absolutamente inaceitável e apoia as posições da Rússia”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Oleg Nikolenko, citado pela agência Ukrinform.

Estas declarações ocorrem em plena contraofensiva ucraniana, que tem revelado avanços lentos, face às posições da Rússia no leste e sul do país invadido pelas forças de Moscovo em 24 de fevereiro de 2022.

ZAP // Lusa

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