Ucrânia recebe “sinal poderoso” da NATO. “É uma vitória significativa”, diz Zelensky

Zelensky leva “vitória significativa” após “mal-entendido” inicial; e agradece a ajuda militar dos aliados obtida na cimeira de dois dias da NATO, que terminou esta quarta-feira, em Vilnius, na Lituânia.

Esta quarta-feira, Volodymyr Zelensky, proclamou uma “vitória de segurança significativa” para o país, na relação com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).

À margem da cimeira de Vilnius, o Presidente ucraniano tinha, no dia anterior, irrompido com críticas à ambiguidade dos aliados – que Portugal considerou um “mal-entendido“.

No primeiro dia da cimeira na Lituânia, Zelensky exigiu “respeito”, um calendário que delineasse o caminho para a NATO e o fim da postura “absurda” que estava a atrasar a adesão do país que está há mais de um ano a tentar fazer face a uma invasão da Rússia.

A “bomba” de Volodymyr Zelensky ecoou imediatamente e irrompeu pela reunião.

Nem a introdução da palavra “convite” nas conclusões da cimeira convenceu Zelensky, apesar da relutância de Washington e de Berlim em incluí-la.

Para o primeiro-ministro português, António Costa, “houve, seguramente, um mal-entendido” do Presidente da Ucrânia quanto às intenções dos aliados e foi precisamente isso que transmitiram a Zelensky.

Da noite para o dia, o discurso que até então sabia a pouco deu lugar a uma conquista: os países que compõem o G7 – Alemanha, França, Estados Unidos, Itália, Reino Unido, Canadá e Japão – anunciaram uma declaração que dá garantias de segurança até à eventual adesão do país.

Não é um convite, muito menos um calendário, mas é um “primeiro documento legal que é como um guarda-chuva” para assegurar que a Ucrânia vai continuar a receber apoio, disse Zelensky.

A moeda de troca é o fim da guerra e o cumprimento das condições estabelecidas – só aí é que vai ser possível olhar para a Ucrânia com um candidato à Aliança Atlântica.

O documento “cobrirá todos os aspetos que agora estão em falta como a defesa aérea, as aeronaves militares” e tudo o resto que a Ucrânia necessite para expulsar os militares russos do seu território.

“É um sinal poderoso”

Zelensky lembrou que, no passado, o país ficou com um documento parecido “na mão” e isso não impediu a Rússia de violar a integridade do seu território, advertindo que, desta vez, tem mesmo de haver “respeito” pela Ucrânia.

Entre as declarações de unidade renovada, o Presidente da Ucrânia anunciou, ao lado do secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, que regressaria “a casa com uma vitória significativa de segurança” e um “sinal tático” para o Kremlin.

“Não é uma candidatura, mas é uma mobilização para a Ucrânia e um sinal poderoso”, advogou.

As críticas do dia anterior converteram-se, nas palavras do próprio, em sensatez, para tentar apaziguar a frustração da população ucraniana e de alguns aliados, como a Lituânia, que optariam por ir mais longe no processo de adesão.

“Percebemos isso, somos sensatos, os parceiros neste momento estão a ajudar-nos com armas, este é um momento de sobrevivência, entendemos que haja algum receio em falar sobre a nossa adesão agora”, esclareceu Zelensky.

“Ninguém quer uma guerra mundial, quero que todos entendam isso: a Ucrânia não pode aderir enquanto a guerra continuar, isto é absolutamente claro”, rematou.

Na madrugada desta quinta-feira, Zelensky destacou a nova ajuda militar dos aliados em “defesa aérea, mísseis, veículos blindados e artilharia” obtida na cimeira.

“Regressamos a casa com um bom resultado para o nosso país e, muito importante, para os nossos combatentes: um bom reforço de armamento“, disse Zelensky num discurso dirigido à nação, gravado a partir do comboio que o trazia de volta a Kiev após a cimeira.

Zelensky também destacou as “garantias de segurança” que os governos do G7 – as sete democracias mais industrializadas do mundo – se comprometeram a negociar com a Ucrânia antes de o país ser aceite na NATO.

“Nesta base, iremos construir uma nova arquitetura juridicamente vinculativa de tratados de segurança bilaterais com os países mais poderosos“, afirmou.

Do encontro de dois dias, Portugal conseguiu convencer os aliados a incluir na declaração final o compromisso para uma “reflexão abrangente e profunda sobre ameaças e desafios” no flanco sul da NATO, que será feita até à próxima cimeira, em 2024, nos EUA.

No final do encontro, António Costa adiantou que Portugal respondeu à chamada e subscreveu as garantias de segurança dadas à Ucrânia pelos países do G7, ressalvando que ainda vai ser discutido de que forma é que o país pode ajudar a assegurá-las.

Portugal, que é um dos Estados-membros fundadores da Aliança desde 1949, vai ainda reforçar em um milhão e meio de euros a comparticipação no fundo da NATO “para a parceria com os países da vizinhança sul” da Aliança e participar no novo Fundo para a Inovação, constituído durante esta cimeira.

ZAP // Lusa

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