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Não há culpas no caso Banif (mas Carlos Costa tem cabeça a prémio)

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Ninguém assume culpas pelo arrastar dos problemas económicos do Banif. O anterior governo sacode a água do capote e atira responsabilidades para o governador do Banco de Portugal que devolve as culpas ao Executivo PSD-CDS.

Mas neste jogo do empurra, o mais provável é que seja Carlos Costa a arcar com as culpas, acabando por ser afastado do cargo de governador do Banco de Portugal.

Esse será o cenário que o governo estará a preparar, com a Comissão de Inquérito Parlamentar que se vai realizar em torno do Banif a poder culminar com a exoneração de Carlos Costa, conforme destaca o jornal i.

A publicação atesta o facto de o cargo de governador do Banco de Portugal ser “inamovível” e de só ser possível afastar  o seu ocupante “se tiver cometido falta grave”.

A Comissão Parlamentar deverá girar precisamente em torno das responsabilização de Carlos Costa no âmbito da resolução do Banif, até tendo em conta as declarações que fez em Fevereiro de 2013.

“O Banif estará em condições, no final do período do apoio público, de proporcionar uma rentabilidade estimada para a posição do Estado de 10%”, disse Carlos Costa, garantindo também que “durante nove meses, o Banif foi radiografado muitas vezes e de várias posições“.

Banco Central Europeu

Carlos Costa, governador do Banco de Portugal

O  governador do Banco de Portugal, tem a “cabeça a prémio”

Passos sacode água do capote

Na defesa do seu governo, Passos Coelho garante que “não foi possível” resolver o problema do Banif mais cedo “porque a realidade é o que é”, conforme declarações divulgadas pelo Observador.

Em reacção à notícia da carta que revela que o governo PSD/CDS adiou a venda do Banif para não afectar a “saída limpa” do Programa de Assistência Económica”, Passos Coelho frisa que é “absurdo”.

“Nós tivemos uma saída limpa, não precisámos de um segundo resgate. O Governo agiu com diligência e procurou salvaguardar a estabilidade financeira”, considera o ex-primeiro-ministro.

Passos Coelho ainda aproveita para notar que o actual governo “não deve fazer arremessos políticos” em torno disto e que “o problema do Banif era conhecido pelo PS”.

E se o líder do PSD salienta que o Banco de Portugal “actuou correctamente não precipitando uma solução de resolução”, para a ex-ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, é claro que está em causa “um problema de supervisão“, conforme destaca em entrevista à TVI, desresponsabilizando-se do processo.

“Nenhum Governo escolhe o momento de resolução de um banco. Acho inaceitável a acusação de que não fizemos nada deliberadamente”, refere na mesma entrevista a agora deputada do PSD.

Banco de Portugal culpa governo PSD-CDS

Esta posição merece, entretanto, reacção de fonte não identificada do BdP, que, em declarações ao DN, frisa que “a culpa do que aconteceu ao Banif é do governo anterior PSD-CDS porque não fez sentir, junto da Direcção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia, o seu peso e a sua pressão para que os planos de reestruturação fossem aprovados e houvesse uma solução mais rápida”.

As relações entre Carlos Costa e Maria Luís Albuquerque “entraram em rota de colisão já em Outubro”, diz o DN, numa altura em que o governador do Banco de Portugal terá apelado “sem êxito, à então ministra para que encontrasse uma solução”.

Esta desavença terá sido devida a “uma auditoria externa a alertar para os riscos do atraso a encontrar uma solução”, diz o DN.

Entretanto, o BdP anunciou que o Banif está impedido de atribuir créditos e de receber depósitos, justificando que o Banco “deixou de reunir condições para exercer a sua actividade de forma autónoma ou para continuar a operar no mercado em condições de normalidade”.

SV, ZAP

10 Comments

  1. Como é óbvio Portugal sob resgate não teria capacidade – sistema financeiro – para levar com dois bancos em resolução! Como é óbvio! O que parece é que com o actual governo pelos acordos parlamentares (incongruentes à nascença) fez disparar de um momento para o outro a desconfiança relativa àquele e até outros bancos… Melhor dizendo, se a coligação lá estivesse a cotação em bolsa nunca teria baixado daquela maneira e a situação seria resolvida após a venda do BES… Parece que só falta ao Costa pater palmas!

    • Bancos em resolução meu caro, isso é que não devia acontecer ,para que o “sistema financeiro” – os contribuintes- não tivessem “que levar com eles”!
      Mas continue lá com a sua reles actividade de querer confundir…

      • Deve lamentar o facto de não saber o que é a resolução dos bancos. Esse é o primeiro passo para se informar e então opinar com fundamento!

      • Sistematicamente bancos a precisarem de fralda mudada é algo que já cheira muito mal e custa-nos caro, é o que não devia acontecer… (não devia ser necessário, entenda-se). Isto de tanta fralda mudada, acabamos todos c… Percebeu agora?
        Pode continuar com a sua reles actividade de querer confundir…
        Mas, BORDÃO, toda a gente já deve ter percebido que o Banco de Portugal é responsável pela aplicação de medidas de resolução a instituições de crédito ou outras.
        As medidas de resolução são aplicadas quando essas entidades não cumpram ou estejam em sério risco de não cumprir os requisitos necessários para manterem a autorização para o exercício da respectiva actividade.

      • Disse tudo no último parágrafo o que torna incongruente o que aqui já disse anteriormente!
        Não defendi, melhor, nem percebo como ~´e que depois das contas do BPN e do BES – é certo que foram jogadas criminosas e ninguém apesar da lei está livre de ser “falcatruado” – não houve um maior rigor de afinação do sistema de auditoria bancária da parte do regulador que assim continuou sem recursos eficazes… Com o actual ou qualquer outro governador! Sabe, é que detectar contas aldrabadas tem que se lhe diga pelos vistos!

  2. Estranho é o facto de que o Banco de Portugal após ter nomeado um administrador executivo para supervisionar o BANIF, deixar acontecer isto!??!? Afinal o que estava o administrador a fazer lá?!? Pelos vistos nada!!! O salário não é para ser merecido!? Outra coisa que me faz confusão e que pergunto é o seguinte: o Banco de Portugal afinal o que supervisiona?! Aconteceu o BPN, o BPP, o BES e agora o BANIF!??! É que são demasiados erros graves para não se fazer nada. A ideia que me fica é que o Banco de Portugal é um oásis de ganhar dinheiro sem fazer nada!! Na Islândia os responsáveis são presos, aqui deixa-se cometer estes erros sem punição severa! Se existisse punição severa logo no primeiro caso, já não existiria casos como o BANIF e o BES… Assim se vê um país de terceiro mundo e não um país que se diz Europeu…

  3. Isto é pior que o jogo da roleta, os amigos orientam-se e o ZÉ paga.Cada vez admiro mais, o Sr. Professor António de Oliveira Salazar.Mais, não foi por acaso que o Sr. Professor Marcelo Caetano, nem depois de morto quis regressar a Portugal.O que se tem vindo a passar ao longo dos anos em Portugal, nem nos países africanos mais corruptos, os ditos cujos “causadores” de tantas e iguais fraudes, ficavam impunes.

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