Na Ucrânia, a Páscoa ficou marcada por orações pela paz e pelas tentativas de retirar a população

Atef Safadi / EPA

Presidente ucraniano pediu aos restantes líderes mundiais que enviem mais ajuda para a Ucrânia, de forma a dar resposta aos desafios impostos pela reconstrução do país. 

Na Ucrânia, país maioritariamente católico-ortodoxo, a Páscoa só se celebra no próximo fim-de-semana, mas dada a situação de conflito em que o país está mergulhado, todas as ocasiões são aproveitadas para pedir aos deuses paz, que os bombardeamentos cessem, as mortes deixam de aumentar e o sofrimento tenha fim. No entanto, nem o simbolismo da data nem as orações vindas do Vaticano, por exemplo, foram suficientes para que os combates dessem tréguas.

O domingo de Páscoa ficou, de facto, marcado pela inexistência de corredores humanitários, o que impossibilitou a saída de civis por esta via. Quem quisesse deixar a frente de batalha, numa altura em que se antecipa que os combates se identifiquem no leste e sul do país, teve que o fazer por meios próprios e, consequentemente, por seu próprio risco.

Na sua habitual mensagem à população ao final do noite, Volodymyr Zelenskyy adiantou, ainda assim, que a população está a ser retirada das zonas mais atingidas pela guerra, com os governos locais a garantirem alojamento temporário e ajudas especiais. “Todos os deslocados podem receber assistência financeira para poderem viver e podem candidatar-se a este apoio já a partir de quarta-feira.”

As horas anteriores ficaram marcadas pela aparente conquista de Mariupol, com as as tropas russas a controlarem toda a cidade e a emitirem um ultimato para que os resistentes depusessem as armas e se rendessem – uma possibilidade que foi recusada. A situação na cidade, controlada pelas forças invasoras há semanas, é trágica, especialmente pela falta de comida, água potável e medicamentos.

No que respeita à evolução dos combates, a falta de armamento foi contornada com abastecimentos feitos pelo ar, o que permitiu às forças ucranianas resistirem durante mais alguns dias. No entanto, fontes do exército russo garantem que cerca de mil solados adversários se renderam. Uma versão que Kiev contraria, dizendo que foram “muito menos”.

Andrii Biletski, líder do batalhão Azov, avançou ao Financial Times que, apesar do ataque a uma fábrica de produção de veículos blindados, os combatentes podem ter sobrevivido, graças ao grande número de túneis subterrâneos e abrigos resistentes a bombas. Por esta altura, planeiam-se estratégias para a derradeira batalha por uma cidade que o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano diz já não existir.

“O que resta do Exército e grandes grupos de civis estão cercados pelas forças russas. Eles continuam a dar luta, mas parece, pela forma como o Exército russo se comporta, que decidiram arrastar a cidade a qualquer custo.” Dmitro Kuleba reafirmou uma ideia que já havia sido deixada por Volodymyr Zelenskyy no sábado: que Mariupol pode ser a linha vermelha para as negociações.

Numa entrevista dada à CNN durante a última semana e transmitida ontem à noite, Zelenskyy deixou ainda um convite a Emmanuel Macron para que visitasse território ucraniano face às suas recusas em usar o termo “genocídio” para classificar os ataques de que a população tem sido vítima desde o início da guerra. “Eu disse-lhe que queria que ele compreendesse que isto não é uma guerra, que não é nada menos do que um genocídio. Convidei-o a cá vir quando houver oportunidade. Ele virá, ele verá e estou certo de que ele compreenderá.”

ZAP //

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