Motim no “Mondego” teve um instigador

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ZAP // marinha.pt

A Marinha acredita que entre os 13 militares do ‘Mondego’, que no sábado recusaram sair para uma missão de acompanhamento de um navio de espionagem russo, há um que terá instigado os outros.

Entre os militares do navio-patrulha NRP Mondego, que no sábado se recusaram a embarcar para cumprir uma missão, haverá um que, segundo a Marinha, terá instigado os restantes a amotinar-se.

Segundo diz este sábado o Correio da Manhã, a Armada deverá identificar à Polícia Judiciária Militar o elemento em causa, que poderá vir a ter uma eventual pena por insubordinação agravada.

Mais de uma dezena de militares do navio-patrulha NRP Mondego, que se encontra na Madeira, recusaram-se a embarcar para cumprir uma missão de acompanhamento de um navio de espionagem russo, invocando falta de condições de segurança.

Os 13 militares regressaram esta sexta-feira a Lisboa, depois de a Marinha os ter retirado do navio, lhes ter levantado processos disciplinares e os ter denunciado à PJ Militar, que abriu um “processo urgente”.

À chegada ao Aeroporto de Lisboa, os militares tinham à espera as famílias, representantes associativos e os seus advogados, que voltaram a criticar o chefe da Armada, almirante Gouveia e Melo.

“O chefe do Estado-Maior da Armada chamou a comunicação social a bordo do navio quando este já estava limpo”, acusou o advogado Paulo Graça, que, em entrevista à SIC Notícias, salienta que estes foram “acusados, condenados e sancionados em praça pública” por Gouveia e Melo, antes mesmo de terem sido ouvidos.

A inspecção ordenada pela Marinha já concluiu que estavam salvaguardadas as condições de segurança no navio. Mas os 13 militares “têm uma história para contar que não coincide com a da Marinha”, nota o advogado, frisando que vão contá-la “a seu tempo”.

“O facto de o senhor almirante dizer que houve uma situação de desobediência significa que ele já qualificou os factos, já entendeu que os factos relevantes eram aqueles que terão sido dados a conhecer, sem conhecer os factos que os marinheiros terão suscitado no momento”, disse Paulo Graça à TSF.

Desafio o senhor almirante, que disse que este é um processo público, a permitir que os marinheiros possam fazer uso de toda a prova que lhes seja conveniente para fazer prova daquilo que têm que fazer”, desafia o advogado.

“Espero que o senhor almirante não se venha escudar na suposta confidencialidade de alguns elementos de prova para evitar que os marinheiros se possam defender cabalmente das acusações que lhes estão a ser feitas”, acrescenta Paulo Graça.

Para o Chefe de Estado Maior da Armada, a recusa dos militares em embarcar foi um ato de indisciplina intolerável.

“O que aconteceu, de forma muito concreta, foi uma ato de indisciplina, de acordo com o Código de Justiça Militar eo Regulamento Disciplinar Militar”, considerou esta sexta-feira, em entrevista na SIC Notícias. “E isso é insofismável, aconteceu.

Gouveia e Melo comentou também as acusações dos advogados dos militares, considerando que não lhes deu nenhum raspanete em público. “Não optei por nenhuma forma de raspanete. Falei à guarnição e, através deles, à Marinha toda”.

O almirante diz que apenas falou com “emoção sobre o que pensava de um ato de indisciplina nas Forças Armadas, em especial na Marinha”, o ramo que serve.

Os militares vão ser ouvidos, na segunda-feira, pela Polícia Judiciária Militar. Incorrem no crime de insubordinação, ser punível com pena de prisão até quatro anos.

ZAP //

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13 Comments

  1. E com isto se começa a descobrir que toda ou quase toda a frota da armada, está em condições miseráveis. Este Gouveia e Melo anda em conluio com o governo, para não exigir os milhões para a sua reparação e manutenção. Medina agradece o manter das respetivas cativações. Continua a pobreza portuguesa. E o presidente a falar entre dentes e não dizer nada. Assim vamos andando, com muita tristeza.

  2. Principal instigador desta cena: o Governo que, prefere investir nos seus boys a desenvolver o que quer que seja no País.
    Qto à suposta candidatura deste fulano à Presidência… escorregou logo na primeira casca de banana que lhe apareceu.
    O que mais sobressai, são os seus tiques ditatoriais que fazem lembrar Putin, Trump, Bolsonaro… enfim, mais um que se sente perseguido pelo resto do Mundo.
    Pode merecer o meu voto pois, prefiro alguém com ideias bem definidas a outros monos como Marcelo ou Sampaio.

  3. É claro que há instigadores e, mais do que isso, manipuladores.
    Ou será que militares, que existem pata fazer face a situações de conflito, onde se mata e se morre, consideram que fazer patrulha junto da costa e por pouco tempo a um navio desarmado é uma missão com maior risco que um conflito armado?

    • As Forças Armadas têm por missão assegurar a soberania nacional.
      Ora isso envolve riscos, inclusivé, de vida.
      É por isso que no juramento de bandeira se grita, alto e bom som, ” mesmo com o sacrifício da própria vida”. ou isso é só para a cerimónia?
      Ora estes militares são profissionais, não são voluntários. Quando decidiram aceitar ser militares sabiam que teriam de desempenhar missões que envolvem risco extremo, que poderá custar a própria vida.
      Assim sendo, tenho dificuldade em perceber de que se queixam. Mesmo conhecendo as regras quiseram ir para lá.
      Tanto mais que o comandante do navio, que obviamente também lá iria, achou ter condições mínimas para desempenhar a missão.
      Eu fui obrigado a cumprir serviço militar ( não fui voluntário!), também corri risco de vida, e teria mais legitimidade para recusar correr esses riscos porque não pedi para ir para a tropa.
      Então se tivessem de desempenhar uma missão no teatro de guerra ( a doer!) o que fariam? Também se recusavam?
      Coitados dos militares ucranianos que têm de dar a vida pela pátria sem que tenham pedido para tal!

      • Só quem não prestou Serviço Militar, soube e percebeu onde estava , é que pode estar de acordo com esta ação destes senhores. Não me interessa se o Almirante se chama Gouveia e Melo ou Joaquim dos Anzóis, para mim o que está em causa é que foi dada uma ordem e não foi cumprida-
        Um Militar não discute uma ordem , cumpri-a. Havia de ter sido bonito, durante a guerra de África ter respondido a um superior: não saiu do arame porque posso levar um tiro. Enxerguem-se senhores, incluindo os advogados. Não foram dignos da farda.

        • Plenamente de acordo consigo, só quem não prestou militar é que não percebe não entende o Regulamento de Disciplina Militar. Se são voluntários subordinam-se às regras e não “piam”. Também estou de acordo com o Sr. Luís Santos.

  4. Uma boa solução para todas essas lamentáveis exibições é acabar com a porcaria das forças armadas que não servem rigorosamente para nada e mesmo assim ainda custam uma porrada de massa !A Irlanda já fez ido há décadas!

  5. Uma boa solução para todas essas lamentáveis exibições é acabar com a porcaria das forças armadas que não servem rigorosamente para nada e mesmo assim ainda custam uma porrada de massa !A Irlanda já fez ido há décadas!

  6. Eu acho que a disciplina militar poderá ter alguma coisa a ver com o silêncio a que o fascismo nos obrigou! Então os militares, porque a disciplina militar assim o exige , servem propósitos nem sempre muito aceitáveis! Os governos aproveitando esta condicionante vão protelando intervenções prementes e inadiáveis porque ninguém as pode contestar ! Entretanto os dinheiros que seriam necessários para as concretizar podem ser distribuidos, em chorudas indemnizações , aos amigos enquanto outros correm perigo de vida! Já morreram alguns militares, não sei se estão lembrados, para não porem em causa a “disciplina” a que estão sujeitos!!!

    • Quando se alistam, para onde acham que se estão a candidatar? Para ir aprender a abrir cerveja com os dentes?

      Desde de sempre que as condições militares são deploráveis, e desde de sempre se cumpre ordens, mesmo que não se goste ou sejam de caracter duvidoso, e é por isso que na maioria de tribunais de guerra é quem dá a ordem que é julgado, e não quem a cumpre porque com muito poucas exceções um militar não se pode recusar!

      Nenhuma das razões dadas estão nessa lista de exceções.
      Se acharam que a vida estava em risco … isso não é um motivo (e eles sabem que esse é um risco inerente no serviço). Isso seria o mesmo que um cirurgião não operar por ter medo de sangue.

      O mais ridículo de tudo é dizer que a marinha em menos de uma semana limpou o navio para esconder provas … portanto seria o motivo de recusa a “sujidade do navio” ? Ou alguém acredita que o Almirante, depois do sucesso de vacinar toda a gente em tempo recorde, conseguiu agora limpar e arranjar o navio em menos de uma semana, quando por norma são precisos meses!

      Dizer que um motor estava avariado, não serve, a maioria dos navios tem 2 motores sendo que um serve de redundância, se tinham um motor avariado o outro funcionava, e se avariasse a meio da missão, pois esperavam que os rebocassem de volta, não existia risco nenhum a não ser chegar atrasado ao encontro com os amigos para ir para os copos … sabemos que algumas mulheres das ilhas são fogo puro, talvez tivessem medo de morte delas no caso de chegarem atrasados … ainda assim risco de vida está no contrato 😉

      E aceitando o caso máximo de gravidade, o navio afunda … bom, são marinheiros, certo? Sabem nadar, Certo?
      Agarram-se aos salva vidas e esperam!

      Um militar NUNCA recusa ou ignora ordens!
      O que estes aspirantes a militares fizeram foi envergonhar toda a familia militar de cima a baixo, independentemente do ramo, bem como a todos os Portugueses.

  7. Não! isto não é comparável ao cirurgião ter medo do sangue! Se assim fosse nunca teria acabado o seu curso! A verdade é que um cirurgião não operaria ninguém se não tivesse segurança e os seus aparelhos a funcionar, em pleno, no bloco operatório porque para ele a vida é algo muito importante!! Se não era problema, porque é que a marinha se apressou a ocultar provas limpando o navio e porque é que o governou, logo no dia a seguir, se apressou a desbloquear uns quantos milhões para resolver alguns problemas? Esta disciplina cega parece-me doentia ! E traz vantagens para muita gente! Há dinheiros públicos para chorudas indemnizações e para salvar bancos mas, para acudir a situações como esta,se morrer alguém logo se vê!!

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