Montenegro acusa Costa de manter “habilidade de retórica” sobre pensões e de “insensibilidade social”

Ricardo Castelo / Lusa

Luís Montenegro, líder do PSD

Luís Montenegro, líder do PSD

O presidente do PSD, Luís Montenegro, acusou na quinta-feira o primeiro-ministro de manter “uma habilidade de retórica” sobre as pensões e de demonstrar “insensibilidade social” para com os reformados mais pobres, pagando em outubro um suplemento maior aos que mais ganham.

Na intervenção inicial perante o Conselho Nacional, continuou no tema que marcou o diálogo entre o líder parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, e o primeiro-ministro, António Costa, no debate sobre política geral, no Parlamento.

“O primeiro-ministro pode fazer os jogos de palavras que quiser, não está em causa as pensões subirem de valor de um ano para o outro, o que está em causa é que o valor do aumento para 2023 tem menos milhões de euros e o valor até ao fim da vida dos reformados terá menos mil milhões de euros, ponto final”, afirmou.

Montenegro acusou ainda Costa de “se atrapalhar nas suas próprias habilidades”: “É tanta habilidade, que depois dá atrapalhação, tanta habilidade que depois dá trapalhada”, disse.

O líder do PSD apontou que, depois de se referir ao valor que será pago em outubro aos pensionistas como uma antecipação do que lhes seria devido pela fórmula de cálculo de atualização das pensões, Costa fala agora num “suplemento extraordinário”, equivalente a meia pensão.

“Se é um suplemento extraordinário, o primeiro-ministro e o Governo perderam mesmo a noção de sensibilidade de justiça social: o que estão a fazer é dar 2.500 euros a quem ganha 5.000 euros de pensão, 2.000 a quem ganha 4.000, e é dar 200 a quem ganha 400 ou 150 a quem ganha 300. Isto é intolerável numa política socialista ou social-democrata”, acusou.

O social-democrata afirmou igualmente que assumirá a responsabilidade de “encarreirar o Governo”, sempre que for necessário, em nome do interesse nacional, frisando que, no caso do aeroporto, “nem a metodologia [o Executivo] conseguiu fazer em sete anos”.

Durante a sua intervenção, Montenegro procurou ainda apresentar o contraponto de um partido “unido, coeso, focado”, em contraste com “um Governo sem norte, à deriva, desorientado”. “Quando for preciso encarreirar para fazer, estaremos cá, mas é para fazer bem, a bem de Portugal”, disse.

Montenegro referiu-se também ao acordo com o Governo quanto à metodologia para a futura solução aeroportuária para a região de Lisboa.

“Sempre que for necessário pormos o interesse do país à frente, nós não nos vamos eximir a essa responsabilidade de encarreirar os trabalhos do Governo e orientá-lo de maneira que não se precipite com decisões que não têm viabilidade, não têm sustentação, como a que foi publicada em Diário da República e revogada depois”, afirmou, numa referência do despacho do Ministério das Infraestruturas depois anulado pelo primeiro-ministro sobre o aeroporto.

O líder do PSD admitiu que possa haver quem desvalorize “tanto trabalho” para apenas se chegar a acordo sobre a metodologia.

“É verdade, porque o Governo nem a metodologia conseguiu fazer em sete anos. A Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) que vai ser feita no próximo nunca foi feita”, frisou, salientando que esta direção manteve o compromisso que já tinha sido pedido pelo ex-líder Rui Rio ao Governo.

“Nós não adiámos decisão nenhuma um ano, nós demos ao país uma decisão que o país nunca tinha tido”, afirmou.

Lusa //

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