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Moderna contradiz Trump. Não haverá vacina até às eleições

Stefani Reynolds / EPA

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump

O diretor-executivo da farmacêutica Moderna Therapeutics, que está a desenvolver uma das mais avançadas vacinas para a covid-19, disse que esta não estará pronta até às eleições presidenciais dos Estados Unidos.

Em declarações ao jornal Financial Times, Stéphane Bancel, diretor executivo da Moderna, disse que a empresa não pode solicitar autorização para a vacina pelo menos até ao final de novembro e que a farmacêutica não vê como possível pedir autorização de uso ao regulador americano Food and Drug Administration (FDA) antes de 25 de novembro.

Bancel acrescentou que não espera ter total aprovação para distribuir a vacina a todos os setores da população antes da próxima primavera, provavelmente em março.

Numa intervenção na Conferência de Farmácia e Biotecnologia do Financial Times, nos Estados Unidos, Stéphane Bancel disse que “25 de novembro é a data que consideramos possível para enviar um pedido de autorização urgente à FDA, assumindo que todos os dados da vacina são seguros”.

Bancel disse que a Moderna não estará pronta para registar um pedido para atender toda a população antes, pelo menos, do final de janeiro, indicando até o mês de março como possível data para ser aprovada a vacina

O calendário para a autorização de uma vacina foi tema de discussão entre Donald Trump e Joe Biden no debate presidencial desta terça-feira. Trump insistiu que uma vacina estará disponível mais cedo do que os seus próprios conselheiros científicos admitem – e desmentiu Moncef Slaoui, chefe da task-force de vacinas da Casa Branca, que disse esperar que uma vacina esteja disponível entre abril e junho do próximo ano.

“Falei com as empresas e podemos ter muito mais cedo. Falei com a Pfizer, falei com todas as pessoas com quem devia falar: Moderna, Johnson & Johnson e outros. Podem ir muito mais rápido do que isso”, afirmou Donald Trump. “É uma possibilidade haver uma resposta antes de 1 de novembro.”

São Paulo recebe 46 milhões de doses de vacina chinesa

São Paulo, o estado brasileiro mais afetado pela covid-19, assinou esta quarta-feira um contrato para receber 46 milhões de doses da vacina “coronavac”, do laboratório chinês Sinovac, e que pretende aplicar à população a partir de 15 de dezembro.

O acordo para 46 milhões de vacinas contra o novo coronavírus, o equivalente a toda a população do estado, foi assinado no Palácio dos Bandeirantes pelo governador estadual, João Doria, pelo diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, e pelo vice-presidente mundial da Sinovac, Weining Meng.

No valor de 90 milhões de dólares (76,7 milhões de euros), o contrato também formaliza a transferência de tecnologia para produção da vacina pelo Instituto Butantan, organização científica vinculada ao governo regional de São Paulo.

São Paulo não perde tempo, São Paulo quer proteger a saúde e a vida dos brasileiros”, afirmou Doria, acrescentando que existe ainda um entendimento verbal entre a direção do Butantan e a Sinovac para que outros 14 milhões de doses da vacina sejam fornecidos em fevereiro de 2021.

O governador espera que, uma vez aprovada pelas autoridades sanitárias brasileiras, a campanha de vacinação comece no dia 15 de dezembro, com os profissionais de saúde de São Paulo a serem os primeiros a serem imunizados.

“São Paulo será um dos primeiros lugares do mundo a vacinar a população”, mas “vamos respeitar todos os procedimentos” clínicos e “aguardar a aprovação” da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), afirmou.

Segundo o executivo de São Paulo, a segurança do imunizante já foi comprovada numa investigação com mais de 50 mil voluntários na China. A vacina também já vem sendo testada no Brasil desde julho e, atualmente, os estudos clínicos da última fase são acompanhados por 12 centros de investigação científica em cinco estados brasileiros e no distrito federal.

O diretor do Instituto Butatan informou ainda que já receberam a vacina sete mil dos 13 mil voluntários programados para esta terceira e última fase dos testes, que se prolongará no Brasil até 15 de outubro.

São Paulo, o estado mais rico e populoso do país, com cerca de 46 milhões de habitantes, é a região do Brasil mais afetada pela pandemia em números absolutos, com 979.519 casos de infeção e 35.391 óbitos, segundo o último balanço do Ministério da Saúde. Já o Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de mortos (mais de 4,7 milhões de casos e 142.921 óbitos), depois dos Estados Unidos.

ZAP // Lusa

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