Ministra da Saúde diz estar “a aprender” com as mortes do caos do INEM

2

Hugo Delgado / Lusa

A ministra da Saúde, Ana Paula Martins

Ana Paula Martins não se demite perante apresentação de três novos relatórios, um dosa quais concluiu que utente morreu de enfarte após esperar 90 minutos por ajuda. “Lamentamos e aprendemos”, diz ministra.

Numa declaração aos jornalistas, sem direito a perguntas, Ana Paula Martins disse que pediu ao inspetor-geral das Atividades em Saúde o relatório completo referente ao caso do utente, de 86 anos, que morreu de enfarte de miocárdio a 31 de outubro de 2024.

Segundo o relatório da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS), o homem tinha uma probabilidade de sobrevivência, embora reduzida.

Ao início da noite desta terça-feira, no Ministério da Saúde (Lisboa), a governante defendeu que “o relatório não faz uma ligação direta entre esta morte e a greve”.

“O relatório diz que o quadro clínico da vítima — e cito de novo: ‘inviabiliza, nestas circunstâncias, o estabelecimento de um nexo de causalidade entre o atraso no atendimento por parte do CODU [Centro de Orientação de Doentes Urgentes] e a morte ocorrida’”, afirmou.

Governo “a aprender”

No entanto, a ministra reconheceu que “houve atrasos claros no atendimento e, por isso, na prestação do socorro”. E admitiu que a falta de “nexo de causalidade” não deixa o Governo descansado, dizendo que o “mau funcionamento não se voltará a repetir”.

“Todos os dias o INEM recebe, em média, 4434 chamadas e presta socorro a 4.100 pessoas. Destas, perto de 800 são doentes graves de prioridade máxima. Tirar consequências políticas de situações semelhantes às passadas, significa como tenho sempre dito, resolver os problemas e não atirar a toalha ao chão”, sublinhou.

“A emergência médica — tal como o SNS — salva todos os dias milhares de pessoas. Quando tal não é possível, quando ocorre uma morte (mesmo que inevitável), não só a lamentamos como aprendemos com isso. É o que estamos a fazer”, apontou a ministra.

Recorde-se que, quando os papéis da governação estavam invertidos, em 2022, o PSD, na oposição, quis retirar consequências políticas do caso da morte de uma grávida durante uma transferência de hospital, pedindo a demissão da ministra Marta Temido, o que acabou por acontecer.

ZAP // Lusa

2 Comments

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.