“Cassete de ADN” pode armazenar todas as músicas alguma vez gravadas

Jiankai Li et al / Science Advances

Cassete de ADN

Nova tecnologia combina a capacidade de armazenamento do ADN com o design de uma cassete tradicional e consegue guardar 36 petabytes de dados.

As velhas cassetes podem estar de regresso — mas com um toque de alta tecnologia à base de ADN.

Embora o ADN já tenha sido usado anteriormente como suporte de armazenamento de informação, uma equipa de investigadores combinou agora essa capacidade com o aspeto e a conveniência de uma cassete dos anos 1980, criando aquilo a que chamam uma “cassete de ADN”.

O novo suporte de armazenamento, que foi apresentado num artigo publicado esta semana na Science Advances, foi desenvolvido por uma equipa liderada por Xingyu Jiang, investigador da Southern University of Science and Technology, imprimindo moléculas de ADN sintético numa fita de plástico.

“Podemos conceber a sequência do ADN de forma a que a ordem das bases azotadas do ADN (A, T, C, G) represente informação digital, tal como os 0 e 1 num computador”, explica Jiang, citado pela New Scientist. Isto significa que pode armazenar qualquer tipo de ficheiro digital — texto, imagem, áudio ou vídeo.

Um dos problemas das técnicas anteriores de armazenamento em ADN era a dificuldade em aceder aos dados. Para resolver isso, a equipa sobrepôs à fita uma série de códigos de barras que facilitam a recuperação da informação.

“É um processo semelhante a procurar um livro numa biblioteca”, explica Jiang. “Primeiro precisamos de localizar a estante onde está o livro, e depois o próprio livro nessa estante.”

A fita está ainda revestida por aquilo a que os investigadores chamam uma “armadura cristalina”, feita de imidazolato zeolítico, que impede a degradação das ligações do ADN. Isto significa que a cassete poderá armazenar dados durante séculos sem se deteriorar.

Enquanto uma cassete tradicional conseguia guardar cerca de 12 músicas de cada lado, 100 metros desta nova fita de ADN são capazes de armazenar mais de 3 mil milhões de faixas musicais, considerando uma média de 10 Mb por música.

No total, a capacidade de armazenamento é de 36 petabytes de dados — o equivalente a 36 mil discos rígidos de 1 terabyte.

Ainda assim, avisa Jiankai Li, também da Southern University of Science and Technology, se alguém colocar uma destas novas cassetes num antigo Walkman não ouvirá som nenhum, porque a cassete de ADN não usa sinais magnéticos como as originais.

“A nossa fita transporta moléculas de ADN”, explica Li. “Ou seja, seria como tentar ouvir uma fotografia num gira-discos — os formatos são incompatíveis.”

ZAP //

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