Ernesto Mastrascusa / EPA

Milhares de cubanos protestaram, este domingo, contra a escassez de alimentos e os preços elevados, numa das maiores manifestações anti-governamentais de que há memória.
A cantar “liberdade”, milhares de cubanos saíram à rua. Os protestos tiveram uma dimensão e alcance inéditos nas ruas de duas pequenas cidades, uma a sudoeste de Havana e outra perto de Santiago de Cuba.
O Presidente Miguel-Díaz Canel, que sucedeu a Raúl Castro, pediu aos partidários e apoiantes do regime que saíssem para a rua, prontos para o “combate”. A “ordem de combate está dada”, disse, em direto na televisão pública.
Em San Antonio de los Baños, uma cidade com cerca de 50 mil habitantes situada a 35 quilómetros da capital, os manifestantes gritavam palavras de ordem como “pátria e vida”, o título de uma canção polémica, “abaixo a ditadura” e “nós não temos medo”.
Já em Palma Soriano, perto de Santiago de Cuba, centenas de pessoas participaram numa manifestação onde se ouviram palavras de ordem como “chega de mentiras”, “unidade” e “queremos ajuda”, avança a EFE.
A agência, que cita testemunhas no local, refere ainda que houve violência policial nas duas manifestações, que foram transmitidas em direto em várias contas no Facebook.
O The Washington Post escreve que várias testemunhas afirmaram que as autoridades usaram gás lacrimogéneo e outras formas de força para dispersar multidões, utilizando veículos para deter dezenas de pessoas. Houve também relatos de múltiplos feridos.
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De acordo com o ABC, Cuba está a atravessar a sua pior crise económica em décadas, juntamente com um ressurgimento de casos de covid-19. Desde o início da pandemia, em março de 2020, os cubanos enfrentam maior escassez de alimentos, medicamentos e outros produtos básicos.
“Estamos fartos das filas de espera. É por isso que estou aqui”, disse um manifestante à Associated Press, que recusou identificar-se com medo de eventuais represálias.
Estes foram os maiores protestos anti-governamentais de que há registo na ilha desde o chamado “Maleconazo”, quando em agosto de 1994, em pleno “período especial”, centenas de pessoas saíram às ruas de Havana e não se retiraram até à chegada do então líder cubano Fidel Castro.
As manifestações aconteceram no mesmo dia em que Cuba registou um novo recorde diário de contágios e mortos devido à covid-19: 6.923 novos casos, num total de 238.491, e 47 mortos, subindo o total desde o início da pandemia para 1.537.
Liliana Malainho, ZAP // Lusa
Alguns vão desaparecer do mapa! Espero que os partidos de esquerda portugueses estejam numa manifestação, solidários com estes desprotegidos da sorte!