O Centro Europeu para Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) alerta para o “sério risco” de os hospitais na Europa ficarem saturados em breve, apesar de reconhecer melhor preparação e maiores probabilidades de sobrevivência.
“A não ser que baixemos rapidamente o número de casos, corremos o risco de os hospitais atingirem o seu limite“, disse, em entrevista à agência Lusa, o diretor do departamento de Vigilância do ECDC, Bruno Ciancio.
Numa altura em que se assiste a um aumento exponencial de novas infeções e também de internamentos na Europa, o especialista recorda que, “com o inverno, haverá novos vírus, como é o caso da Influenza”, reforçando que existe um sério risco de os hospitais ficarem saturados. “E agora é a altura de aumentar a capacidade de resposta“.
Questionado sobre quando se poderá chegar a esse ponto de rutura se os dados continuarem a piorar, Bruno Ciancio explica que “não há dados suficientes para dizer qual é a capacidade total nos Estados-membros”, dado que “após a primeira vaga os países aumentaram-na”.
Mais otimista é o cenário desta segunda vaga, de acordo com o especialista: “Mesmo que haja muito mais casos, ainda estamos com uma mortalidade mais baixa devido à melhor preparação dos sistemas de saúde”.
Em termos concretos, “estamos com cerca de um terço das hospitalizações e mortalidade que tínhamos na vaga da primavera”, precisa.
Continuando nesta comparação entre a primeira e a segunda vaga, o especialista indica que os países europeus estão a “tratar e a gerir melhor estes pacientes” com SARS-CoV-2.
“Houve tratamentos que provaram ser bem-sucedidos em vários ensaios e, de momento, os pacientes que estão hospitalizados com uma doença grave têm maiores probabilidades de sobreviver do que tinham em abril e isso é muito encorajador”, contextualiza.
Também reforçada foi a capacidade de diagnóstico em todos os países, aponta: “Temos muitos mais casos diagnosticados agora do que fomos capazes de detetar na primavera porque agora há uma maior capacidade de testar em todos os países, [além de que] os dados de que dispomos hoje são mais precisos do que na primavera”.
Outra diferença “é que agora notamos que está muito mais espalhado do que na primavera”, assinala ainda Bruno Ciancio, explicando que, nesta segunda vaga, o ressurgimento das infeções “começou quase ao mesmo tempo em todo o lado” na Europa.
Merkel e Macron apresentam novas restrições
O Presidente francês, Emmanuel Macron, vai dirigir-se hoje ao país para apresentar um novo plano para a luta contra a pandemia de covid-19.
Entre os cenários das novas medidas restritivas, que se anunciam “impopulares”, estão, por exemplo, o fortalecimento do recolher obrigatório atualmente em vigor para dois terços dos franceses das 21h00 às 06h00 até a uma contenção total, que seria, porém, menos rigorosa do que a experimentada no país ao longo de dois meses na primavera.
Também se põe a questão da reabertura das escolas, a 2 de novembro, depois do feriado do Dia de Todos os Santos.
França registou, esta terça-feira, 292 mortes associadas à covid-19 nas últimas 24 horas, o que representa um novo recorde de óbitos desde abril passado. O total acumulado de mortes ascende a 35.541.
Foram também contabilizados 33.417 novos casos do novo coronavírus, com o total acumulado a ficar a menos de 2500 casos de ultrapassar os 1,2 milhões de infetados. Nos últimos sete dias, 14.110 infetados foram hospitalizados, estando 2057 deles em unidades de cuidados intensivos.
De acordo com o Diário de Notícias, na Alemanha, a chanceler Angela Merkel vai decidir, também hoje, em conjunto com os líderes de cada estado, o encerramento dos restaurantes e bares a partir de 4 de novembro, mantendo-se a possibilidade de continuar a servir take-away. Escolas e creches deverão continuar abertas.
Merkel também prevê fechar ginásios, casinos, cinemas, teatros, óperas e salas de concertos, mas permitir que as lojas continuem abertas caso adotem medidas de higiene e limitem o número de clientes, acrescenta o jornal.
Relativamente à mobilidade, prevê-se a hipótese de os cidadãos só poderem estar na rua com os membros do seu agregado familiar, estando sujeitos a multas caso não o cumpram.
A Alemanha registou 14.964 novas infeções nas últimas 24 horas. Os dados foram revelados, esta quarta-feira, pelo Instituto Robert Koch.
Espanha e Itália com novos recordes diários
Espanha registou, esta terça-feira, mais 267 mortes relacionadas com a covid-19, o número diário mais elevado da atual segunda vaga da pandemia, alcançando um total de 35.298 óbitos, segundo números divulgados pelo Ministério da Saúde espanhol.
As autoridades sanitárias também contabilizaram 18.418 novos casos, elevando para 1.116.738 o total de infetados no país. A região de Madrid, a mais atingida desde o início da pandemia, tem hoje mais 2185 casos de contágio e um total de 298.823.
Nas últimas 24 horas, 2101 pessoas deram entrada nos hospitais com a doença. Em todo o país há 16.696 pessoas hospitalizadas, das quais 2292 pacientes em unidades de cuidados intensivos.
Em Itália, registaram-se 21.994 infeções e 221 mortes nas últimas 24 horas, um novo recorde de contágios desde o início da crise sanitária, segundo o boletim divulgado pelo Ministério da Saúde italiano.
Este é o maior número de infeções registadas até agora, embora estejam a ser realizados muitos mais testes do que no início da epidemia, com 174 mil desde segunda-feira.
No último dia, 221 pessoas perderam a vida por causa do novo coronavírus, um número que não era observado desde meados de maio e que aumenta o total de óbitos em Itália para 37.700. 564.778 pessoas já foram infetadas desde o início desta crise.
A situação nos hospitais é particularmente preocupante. Das 255 mil pessoas doentes com covid-19 em Itália, 15.366 estão hospitalizadas (mais 1085 do que segunda-feira) e 1411 requerem cuidados intensivos (mais 127).
Em todo o mundo, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 43,5 milhões de casos de infeção.
ZAP // Lusa
Coronavírus / Covid-19
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E andava aqui há uns tempos atrás o “iluminado” do Eu! a fazer troça de quem previa este cenário. Só mesmo alguém como o Eu! que certamente nada lê, nada se informa, não conseguiria ver que todo este cenário era bem evidente. E ainda digo mais: o pior está ainda muito longe. Isto vai escalar e a grande ritmo.