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Merkel cede e aceita levantamento progressivo das medidas. França estima que situação melhore em abril

Clemens Bilan / EPA

A chanceler alemã, Angela Merkel, aceitou na quarta-feira um levantamento progressivo das restrições contra a pandemia na Alemanha, cedendo a um descontentamento crescente na opinião e no próprio governo a sete meses das eleições legislativas.

Ao fim de nove horas de negociações difíceis, a chanceler e os dirigentes dos 16 Estados-regiões do país chegaram a um acordo sobre o calendário de levantamento parcial das restrições existentes desde o fim do ano.

“Hoje, podemos falar de esperança”, afirmou Merkel, durante uma conferência de imprensa, estimando que o seu país entrava agora “numa nova fase” da luta contra a pandemia, permitida pela aceleração da vacina.

A Alemanha vai autorizar a vacina AstraZeneca aos maiores de 65 anos. O intervalo entre a administração de duas doses vai ser alargado, para permitir a vacinação de mais pessoas.

A vida socioeconómica vai entretanto continuar a decorrer em movimento lento, com a maior parte das restrições a serem prolongadas pelo menos até 28 de março, para contrariar a subida dos casos e a propagação da variante britânica, que já representa 46% das infeções. Livrarias, floristas e escolas de condução vão poder voltar a abrir portas.

As reuniões privadas vão ser autorizadas a partir de 8 de março, entre duas famílias, na condição de não excederem as cinco pessoas.

A estratégia de abertura do governo pretende apoiar-se na prática maciça de testes antigénicos, um domínio no qual a Alemanha ainda tem défice de eficácia. O governo promete assim a colocação à disposição destes testes rápidos para que até ao início de abril toda a população se possa testar regular e gratuitamente.

Todo o pessoal das escolas e creches, bem como os alunos, vão assim poder fazer testes antigénicos gratuitos todas as semanas. As empresas devem contribuir para o programa e oferecer testes aos seus trabalhadores que se desloquem ao local de trabalho, o que não agrada às organizações patronais.

“Horizonte ao fundo do túnel” a meio de abril

O Governo francês vê “um horizonte ao fundo do túnel” para a terceira vaga da covid-19 a partir de meio de abril, embora os números de casos e de pessoas nos serviços de cuidados intensivos continuem a aumentar.

O regresso à normalidade está à vista, os sítios que constituem a nossa vida social vão abrir, é um horizonte ao fundo do túnel que devemos ter como objetivo”, disse o porta-voz do Governo, Gabriel Attal, após o Conselho de Ministros.

Este horizonte deve ser de quatro a seis semanas, segundo estima o Governo, mas até lá devem ser introduzidas novas medidas sanitárias de forma a travar a vaga de covid-19 que se mantém constante, apesar de já haver atualmente mais de três milhões de pessoas vacinadas no país.

As medidas que estão a ser estudadas incluem alargar o confinamento ao fim de semana a mais regiões. As novas medidas devem ser apresentadas esta quinta-feira pelo primeiro-ministro, Jean Castex.

Grécia prolonga confinamento

O Governo da Grécia anunciou esta quarta-feira o prolongamento do confinamento até 16 de março e um reforço das medidas restritivas, num momento em que o país enfrenta o “período mais difícil da pandemia”.

A Grécia, país que impôs um confinamento à população desde 7 de novembro, registou a maior taxa diária de infeções, ao somar cerca de 2.700 novos casos da doença covid-19, segundo afirmou o ministro da Saúde helénico, Vassilis Kikilias.

“Estamos a atravessar o período mais difícil desta pandemia”, disse o ministro, destacando que os hospitais públicos gregos têm estado sob uma “pressão insuportável” durante semanas.

“Ao ritmo a que estão a ocorrer as novas hospitalizações, o sistema público de saúde está a ultrapassar os seus limites em termos de infraestruturas e de pessoal”, prosseguiu  Kikilias, apontando para um “aumento significativo” dos contágios associados à denominada variante inglesa do SARS-Cov-2, que é identificada como mais contagiosa.

Com o intuito de conseguir a disponibilidade de centenas de camas nas unidades hospitalares públicas para doentes covid, um hospital militar e dois hospitais privados de Atenas vão acolher em breve doentes não-covid.

A par do confinamento, que já foi prorrogado várias vezes ao longo dos últimos quatro meses, o executivo helénico decidiu reforçar as medidas restritivas a partir de quinta-feira. Por exemplo, as pessoas só poderão fazer compras ou fazer desporto dentro do respetivo município e num raio máximo de dois quilómetros a partir do respetivo domicílio.

Também está previsto, entre outras medidas, um recolher obrigatório durante os fins de semana, a suspensão de casamentos e de batizados e um reforço das ações de fiscalização em locais de trabalho.

Venezuela confirma primeiros casos da variante brasileira

O Presidente Nicolás Maduro anunciou que foram detetados 10 casos de pacientes infetados com a variante brasileira, pedindo à população que tome medidas especiais para travar a propagação.

“Apareceu um caso estranho em La Guaira [norte de Caracas] de um trabalhador do aeroporto. Fizemos um estudo que demonstrou que era a variante brasileira (…). Já temos 10 pacientes com esta variante”, disse. “É uma variante mais contagiosa, transmite mais carga viral, o que quer dizer que é mais grave”.

O Presidente da Venezuela precisou que foram confirmados seis casos de pessoas infetadas com a variante brasileira da covid-19 no estado de Bolívar, dois na cidade de Caracas e dois no estado de Miranda.

“Há que tomar medidas especiais de biossegurança (…), elevemos a proteção. Em conjunto com as brigadas médicas, vamos cortar as cadeias de transmissão da nova estirpe”, disse.

Nesse sentido, explicou que o seu Governo prevê ativar 16 mil brigadas médicas para travar a expansão da variante brasileira. Por outro lado, explicou que vai continuar o processo de imunização da população, com a vacina russa Sputnik V e com as recém-chegadas vacinas chinesas Sinopharm.

Apesar da situação, enquanto a Venezuela avança na prevenção e na vacinação, manter-se-á o esquema local de sete dias de quarentena restrita, seguidos de sete dias de flexibilização.

Maria Campos, ZAP //

 

 

 

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