Medvedchuk, apontado como o eleito de Putin para liderar a Ucrânia caso a Rússia vença a guerra, foi capturado no início do mês. O político ucraniano pede ao Kremlin que negoceie a sua libertação com uma troca pelos civis que vivem em Mariupol.
O Serviço de Segurança da Ucrânia divulgou esta segunda-feira um vídeo onde mostra Viktor Medvedchuk, um político ucraniano de 67 anos que é um aliado próximo de Vladimir Putin e foi capturado pelas forças ucranianas no início de Abril, apela ao Presidente russo que negoceie a sua libertação imediata.
Medvedchuk dirige-se directamente a Putin e pede que a sua libertação seja trocada pela evacuação dos civis de Mariupol e pela saída das tropas russas da cidade-mártir da guerra.
“Quero pedir ao Presidente russo, Vladimir Putin, e ao Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, que me troquem pelos defensores ucranianos e residentes de Mariupol. Os que ainda lá estão não têm a possibilidade de sair de forma segura pelos corredores humanitários”, apela o prisioneiro, citado pela AFP.
O político liderava o partido Plataforma de Oposição – For Life e serviu como ponte entre Kiev e Moscovo durante anos, tendo sido importante na intermediação com os separatistas pró-Rússia que proclamaram a independência nas regiões de Donetsk e Lugansk, no leste do país.
Medvedchuk é também uma das pessoas mais ricas da Ucrânia e tem ligações próximas a Putin, tendo até revelado que o Presidente russo é padrinho da sua filha mais nova, Darya, e afirmando que seria um “pecado” não usar a proximidade ao Kremlin nas suas ambições políticas. Especula-se que seria o eleito de Putin para substituir Zelenskyy na Presidência após uma eventual vitória russa na guerra.
Zelenskyy já tinha pedido ao Governo russo que a libertação de Medvedchuk fosse negociada em troca de “meninos e meninas presos no cativeiro russo”, mas o Kremlin recusou. Dado o estatuto de prisioneiro de Medvedchuk, é possível que as forças ucranianas o tenham coagido a fazer o apelo público dirigido a Putin.
O aliado de Putin estava a cumprir uma pena de prisão domiciliária desde Maio de 2021 depois de ser acusado de trair a pátria, mas desapareceu após o início da guerra, em Fevereiro. Foi capturado no início deste mês, envergando uma farda militar ucraniana enquanto estava a caminho da região separatista de Transnístria.
As autoridades ucranianas já se apropriaram de muitos dos bens de Medvedchuk desde a sua prisão, incluindo 23 casas, 32 apartamentos, 30 terrenos, 26 carros e um iate, segundo o Washington Post. A esposa do político tem repetidamente apelado ao Kremlin que negoceie a sua libertação com as forças ucranianas.
Numa publicação no Twitter que foi entretanto apagada por violar os termos da rede social, as autoridades ucranianas escreveram que as “algemas estão à espera” de Medvedchuk.
“Até pode ser um político pró-russo e ter trabalhado para o país agressor durante anos. Até pode ter estado escondido da Justiça nos últimos tempos. Pode até utilizar um uniforme militar ucraniano para se camuflar. Mas alguma vez isto o fará escapar da punição? De modo algum! As algemas estão à sua espera, e o mesmo vale para todos os outros traidores da Ucrânia”, lia-se no tweet.