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Médico dos Comandos suspenso. MP fala em “premeditação”

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(dr) Exército Português

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Os sete militares detidos na quinta-feira, no caso das mortes nos comandos, ficam em liberdade à espera do julgamento. O capitão-médico Miguel Domingos foi o que sofreu a medida de coacção mais gravosa, sendo suspenso de funções, indiciado por dois crimes de homicídio negligente.

O capitão-médico Miguel Onofre da Maia Domingues, responsável por zelar pela saúde dos instruendos do 127º curso de comandos, durante o qual morreram os militares Hugo Abreu e Dylan Silva, foi suspenso de funções no Regimento de Comandos e em outras unidades de saúde militares.

As alegações do Ministério Público (MP) contra o médico apontam que ele esteve ausente do curso por várias horas e que terá mandado “duas vítimas rastejar para a ambulância”, causando-lhes “lesões físicas e neurológicas“, conforme citou o Correio da Manhã.

Já os restantes seis arguidos, indiciados pela prática de um crime de ofensas à integridade física graves negligentes, ficaram apenas sujeitos a Termo de Identidade e Residência.

O MP alega, num despacho a que a agência Lusa teve acesso, que os suspeitos revelam “personalidades deformadas” e que agiram, no âmbito do Curso dos Comandos, “com vista a criar um ambiente de intimidação e de terror” e de “sofrimento físico e psicológico” nos instruendos, “sujeitando-os a tratamento não compatível com a natureza humana“.

Privação de água e sono e castigos severos “com premeditação”

Os suspeitos sabiam que com as temperaturas elevadas, da ordem dos 40 graus, e privando-os de beber água, os recrutas não tinham condições físicas, nem psicológicas para continuar a instrução, considera ainda o MP, concluindo que agiram dando ordens “contrárias aos deveres do militar e disciplina militar”.

O MP refere concretamente, que um dos sargentos instrutores do curso “privou os instruendos de beber água, apesar de saber que devia ser garantido alimentação e água, conforme consta do guião” da dita Prova Zero e que é a primeira do curso de Comandos, conforme cita o Diário de Notícias.

A esse primeiro-sargento do Curso são imputadas particulares responsabilidades, com o MP a alegar que terá recusado água, cortado comida e aplicado “severos castigos físicos”, incluindo flexões e privação de sono, aos militares quando já davam sinais de “exaustão”, conforme cita o Correio da Manhã.

O jornal nota que este primeiro-sargento colocou areia na boca de Hugo Abreu quando ele estava “confuso pela exaustão, dores e vómitos” e “cuspia em seco e afirmava, sem nexo, que estava ‘ali para curar as feridas'”.

O MP conclui que os abusos foram “praticados com premeditação“, segundo cita o CM, com “manifesto desprezo pelas consequências gravosas” provocadas nos instruendos e tratando-os como “pessoas descartáveis“.

ZAP / Lusa

14 Comments

  1. Pois, parecia que a justiça estava a fazer-se, devagar, mas a fazer-se. Parecia que a grande coragem dos que denunciaram o que nunca deveria ter acontecido, bem como as palavras corajosa e lúcidas da procuradora do MP, Cândida Vilar, iriam permitir que a justiça desta vez se fizesse e corrigir muita coisa que precisa de ser corrigida. Mas não vai ser fácil e a injustiça também tem os seus trabalhadores, alguns já começaram a trabalhar… a ver vamos como isto vai acabar…

    • pois, nunca foste á tropa. Qualquer um que lá tenha estado sabe bem diferenciar o que é o treino necessário a uma força de elite e os comentários de uma personalidade deformada com traços de usurpação de funções de psicóloga da senhora do mp. Chega de politicamente correto. Quando morrer em campo o próximo atleta também vamos ter este tipo de atitude?

      • Pois, o sr. parolo deve fazer parte daqueles que acham que é a humilhar, a agredir, a fazer sofrer… que se fazem homens. Essa mentalidade tacanha, infelizmente, ainda se vai encontrando, por vezes até com excessiva frequência, como acontece nos meios militares ou na generalidade das praxes, só para dar 2 exemplos. Essa atitude não deve ter o mínimo espaço na humanidade.
        O treino para uma tropa de elite deve ser acima de tudo inteligente. O treino divulgado foi tudo menos inteligente, aliás, nem se percebe o que se treinou, provavelmente deve ter sido a morrer às mãos do próprio comando. É caso para perguntar: com um comando destes quem é quem é que precisa de inimigos?
        Há formas muito mais inteligentes, eficazes e humanas de atingir objectivos até bem mais altos. Os estúpidos não deve ter espaço nas formas militares e o lugar de criminosos é na prisão.

      • O utilizador parolo não referiu em nenhum momento “que é a humilhar, a agredir, a fazer sofrer… que se fazem homens.”
        Também não diz ser a favor das praxes académicas
        Essas são suposições suas.
        O utilizador fala de “treino necessário a uma força de elite”
        e de “Chega de politicamente correto”
        Neste sentido estou em todo de acordo com o parolo

      • Comparto plenamente o seu ponto de vista.
        No meu comentário expresso a mesma opinião.
        Mas repito aqui a parte final do mesmo:
        “””
        Sento pena pelas vitimas e seu familiares mas tenho-me apercebido que existem em Portugal pessoas que não gostam do exercito e querem aproveitar este incidente para criticar esta instituição.
        .
        Minha solidariedade para os militares agora constituídos arguidos
        “””
        É isso, alguns pseudo intelectuais querem agora criticar aquilo que não tiveram coragem de fazer: estar na tropa e aguentar os rigores de um treino para comando.

  2. Calma , isto não vai dar em nada é só fumaça e lama para os nossos olhos ! O culpado foi o Sol que além de já ser punido com impostos vai apanhar uns anos se sombra

  3. Eu tive que fazer serviço militar no meu pais e foi duro.
    Vi e vivi excessos, até poderia queixar-me porque foi tropa obrigatória e também existia um escrutínio político sobre nosso comportamento.
    .
    Mas neste caso as vítimas lá estavam por vontade própria e foram elas as que pediram estar nesse curso.
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    Não sei qual é a ideia das pessoas relativamente ao treino para um comando.
    Também há que respeitar a experiência dos treinadores e das instituições que participam no treino, estamos a falar do curso 127.
    O curso é duro e as pessoas tem que dar todo, até desfalecer.
    É assim que funciona!
    Tenho a certeza que eles sabiam o que estavam a fazer.
    .
    Sento pena pelas vitimas e seu familiares mas tenho-me apercebido que existem em Portugal pessoas que não gostam do exercito e querem aproveitar este incidente para criticar esta instituição.
    .
    Minha solidariedade para os militares agora constituídos arguidos

  4. No meio desta historia toda só me faz impressão que os golpes de calor e as mortes ao longo deste ano, tenham recaído nos instruendos com melhores notas. Sei que para se conseguir este tipo de performances não pode existir o meio termo distinguindo-se os melhores pelo estar disposto a tudo e não andar a poupar meios físicos para superar o objetivo da prova.
    Cortar completamente água a quem deu tudo por tudo e premiar com agua quem passou despercebido moderando o esforço è no mínimo uma traição a que dá o maior empenho.
    Episodio de porcaria onde o espirito de missão nunca contou mas sim as vinganças pessoais de instrutores que reconheceram nos instruendos melhores capacidades do que eles quando foram instruendos.

    • Pois estes 7 “macacos” possivelmente teriam era dor de cotovelo destes instruendos e daí os castigos. Era fazerem-lhe o mesmo 3 dias sem água, sem comida e debaixo de 40 graus e depois atirar-lhe merda para o focinho que era o que mereciam !!! São uns merdas e deviam ser presos já !!!

  5. Isto começa-me já a cheirar um pouco a desinteresse por parte da justiça, poderei estar enganado e oxalá que sim mas pelo andar da carruagem parece-me que ela vai mais ou menos encaminhada para a mesma estação onde foi resolvido o caso dos estudantes mortos numa praia na prática de praxes académicas, se isto vier a acontecer muito mal ficará a justiça e muito pior ainda a credibilidade das Forças Armadas e como o serviço militar hoje não é obrigatório caso isto termine em nada o melhor que os jovens terão a responder aos chefes militares é que, vão par lá vocês!.

  6. Tambem pertenci a uma tropa especial que nao os comandos durante mais de 20 anos, tirei varios cursos e especializaçoes, ate o curso de comandos…,fui aluno e instrutor, concordo em absoluto com a maior parte dos comentarios de critica.Sendo estes casos reincidentes nos comandos, nao se fazendo nada…daqui a 10 ou 20 anos estrá a acontecer o mesmo.
    A prova que estavam a fazer esta escrita(como tudo o que se faz…depois aparecem as invençoes pessoais).
    Urge repensar esta tropa que parece que nao “cresceu” de a 50 anos a esta parte!!!

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