O ex-candidato presidencial apoiado pela Iniciativa Liberal, Tiago Mayan Gonçalves, desistiu da candidatura à liderança do partido, após ter sido revelado que falsificou assinaturas enquanto presidente de uma junta de freguesia no distrito do Porto.
O antigo candidato à presidência da República Tiago Mayan Gonçalves, que anunciou em julho a intenção de se candidatar à liderança da Iniciativa Liberal para refundar o partido, desistiu da candidatura.
Mayan Gonçalves deveria disputar a liderança do partido com o atual presidente, Rui Rocha na convenção eletiva que está prevista para início de 2025.
A desitência foi confirmada esta sexta-feira por Pedro João Ermida, membro da coordenação do movimento “Unidos pelo Liberalismo”, até agora liderado pelo ex-candidato e Belém e principal rosto da oposição à atual direção do partido.
“Confirmo que o Tiago Mayan saiu da liderança do movimento Unidos pelo Liberalismo e, por consequência, já não é candidato à presidência da Iniciativa Liberal”, disse à Lusa o conselheiro nacional da IL.
O colapso da candidatura de Tiago Mayan Gonçalves à presidência da Iniciativa Liberal reduz as hipóteses dos adversários de Rui Rocha, nota o DN.
A notícia da desistência de Tiago Mayan Gonçalves foi avançada pelo jornal ‘online’ Observador, segundo o qual o Unidos pelo Liberalismo está agora dividido entre quem acha que é preciso encontrar outro candidato para disputar a liderança da IL e quem considera que “o movimento está muito fragilizado e é um erro insistir”.
Esta decisão surge depois de, esta quinta-feira, Tiago Mayan Gonçalves ter assumido que falsificou as assinaturas do júri do Fundo de Apoio ao Associativismo Portuense, enquanto presidente da União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde.
Em causa está uma ata da reunião do júri do Fundo de Apoio ao Associativismo Portuense, datada de 16 de setembro, que terá sido elaborada e falsificada por Tiago Mayan.
“Essa ata não foi elaborada pelo júri, nem tão pouco assinada pelos mesmos, tratando-se de um documento falso com assinaturas apostas por outra pessoa“, lê-se na ata da reunião que decorreu quarta-feira entre o júri e o executivo da junta.
Segundo o documento, a que a Lusa teve hoje acesso, quando confrontado com o documento, Mayan confirmou “que foi ele que elaborou o documento e colocou as assinaturas, atribuindo a si próprio tal responsabilidade, isentando de qualquer culpa todos os restantes membros do seu executivo e colaboradores”.
Perante este caso, o líder da IL, Rui Rocha, revelou esta sexta-feira que foi aberto um processo disciplinar a Tiago Mayan Gonçalves, que poderá culminar na sua expulsão do partido, repudiando a falsificação de assinaturas assumida pelo ex-candidato presidencial.
Tiago Mayan Gonçalves tinha anunciado a sua candidatura à liderança da IL defendendo que o partido precisava de “alcance, amplitude e arrojo” e assumindo que não se revia na atual liderança de Rui Rocha.
Na altura, Tiago Mayan tinha-se comprometido a revitalizar a Iniciativa Liberal, ressalvando que só com um partido “aberto, ativo e ambicioso” seria possível determinar políticas, influenciar a governação e transformar Portugal.
“É com um partido mais ambicioso, que sabe o que quer, que conseguiremos um Portugal mais liberal”, referiu.
Tiago Mayan Gonçalves foi o candidato da IL nas eleições presidenciais de 2021, tendo ficado em sexto lugar com 3,22% dos votos.
A Iniciativa Liberal é atualmente liderada por Rui Rocha, que foi eleito presidente do partido em janeiro de 2023, com 51,7% dos votos, derrotando Carla Castro, que ficou com 44%, e José Cardoso, que obteve 4,3%.
ZAP // Lusa