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Marcelo quis mudar critérios, mas especialistas mantiveram a sua posição

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Mário Cruz / Lusa

O Presidente da República salientou, na reunião do Infarmed, esta sexta-feira, que os “riscos estão a descer”, pelo que devem começar a ser considerados os “custos económicos e sociais”.

Numa intervenção por videoconferência, a partir do Palácio de Belém, depois de ouvir as apresentações dos especialistas na sede do Infarmed, Marcelo Rebelo de Sousa realçou uma vez mais “a perceção de que os riscos estão a descer” e colocou a questão da “legitimação pública dos indicadores e dos critérios sanitários adotados”.

O Presidente referiu que “não desce a incidência” de novos casos de infeção, “mas desce a incidência no Serviço Nacional de Saúde e nos números de mortalidade” e considerou que isto “em termos de legitimação pública é muito importante e em termos de ponderação de valores também”.

“Desde o início, o senhor primeiro-ministro e eu próprio em reuniões do Infarmed chamámos à atenção para o problema enfrentado pelos decisores políticos, e sobretudo pelo Governo”, disse Marcelo, que há dois dias propôs uma mudança na matriz de risco face à crescente taxa de imunidade da população.

O chefe de Estado salientou que quem decide tem de “ter presente a salvaguarda da vida e da saúde”, por um lado, mas os “custos económicos e sociais” por outro.

“É a pobreza, é a insolvência, é a falência: são situações económicas e sociais que atingem direitos fundamentais das pessoas. Parece evidente a primazia do direito à vida e do direito à saúde quando se trata realmente de riscos elevados de mortalidade e de riscos graves de stresse sobre o SNS. Mas já não é tão evidente, e obriga a uma ponderação mais cuidadosa, quando a perceção é de que esses riscos estão a descer”, sustentou.

Segundo o jornal online Observador, o chefe de Estado mostrou várias preocupações, entre as quais perceber também se existe, ou não, correlação entre o aumento de casos e a pressão sobre o SNS.

Marcelo considerou que é preciso explicar esta mudança aos portugueses, uma vez que foi o próprio, como fez questão de frisar, que sempre usou este critério para pedir sacrifícios.

Na reunião desta sexta-feira, os peritos propuseram que se mantenha a atual matriz de risco. Andreia Leite, da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa, destacou que ainda há bastantes incógnitas, designadamente a resposta das vacinas às novas variantes e a duração da imunidade.

Além disso, a investigadora destacou que “a vacinação vai contribuir para manter os valores controlados de infeção, logo não se justifica a modificação dos critérios”.

Já à porta fechada, escreve o mesmo jornal digital, os peritos responderam às questões do Presidente e mantiveram as suas posições.

O responsável pelo plano de vacinação, o vice-almirante Gouveia e Melo, lembrou que é nesse sentido que está a haver uma tentativa de acelerar o processo, esperando que, em agosto, a economia possa estar novamente liberta.

Andreia Leite, por sua vez, lembrou que os ciclos de vacinação ainda não estão completos e  também a falta de certezas sobre o tempo da imunização trazida pela vacina.

Ainda segundo o Observador, também à porta fechada, o coordenador da task force admitiu que as listas estão desatualizadas, com pessoas que já morreram ou que trocaram de morada.

ZAP // Lusa

1 Comment

  1. “Marcelo considerou que é preciso explicar esta mudança aos portugueses, uma vez que foi o próprio, como fez questão de frisar, que sempre usou este critério para pedir sacrifícios.” É… É preciso mesmo explicar aos portugueses porque pediste sacrificios e tu próprio não os fizeste. Muito pelo contrário! Mas há uma coisa boa nisto tudo. Mostras que realmente és de direita. Só estás interessado nos números e não no povo. Mas o povo continua ceguinho e come tudo o que lhes dás.

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