Marcelo não entende por que Portugal continua na “lista negra” do Reino Unido (e leu os relatórios de Reguengos)

Mário Cruz / Lusa

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse, em declarações transmitidas pela RTP3, que não entende porque é que Portugal continua na “lista negra” do Reino Unido.

Em declarações transmitidas pela RTP3 a partir de Alvor, Marcelo Rebelo de Sousa disse não entende porque é que o Reino Unido continua a excluir Portugal da lista de países com corredor aéreo, impondo a quarentena aos viajantes oriundos do país.

“Na situação atual, ainda mais do que há uma, ou há duas, ou três, ninguém percebe porque é que o corredor aéreo britânico não abre”, disse Marcelo. “Se não abre agora, quando é que abre? Estarmos à espera de zero casos… nenhum país vai ter zero casos. O que se assiste na Europa é, até, uma evolução oposta àquela que está neste momento de estabilização em Portugal”.

Esta sexta-feira, o Reino Unido decidiu retirar França, Países Baixos e Malta da lista dos corredores britâncios. Portugal ficou de fora logo a 3 de julho.

Questionado sobre a entrevista à ministra do Trabalho e da Segurança Social, Ana Mendes Godinho, na qual a governante admite não ter lido o relatório da Ordem dos Médicos sobre o ocorrido num lar em Reguengos de Monsaraz, onde morreram 18 pessoas, Marcelo disse que leu todos os relatórios.

“Eu li. Li vários relatórios. É preciso ver que é preciso lê-los todos”, disse Marcelo. “Não há um, há quatro. Um mais pequeno, que é a posição do presidente da Câmara de Reguengos de Monsaraz. Outro um bocadinho mais longo, que é da fundação proprietária do lar. Um bastante mais longo, que é da ARS, portanto, das autoridades de saúde. E um que é talvez o mais longo de todos, 49 páginas, salvo erro, que é o da Ordem dos Médicos, que não tem exatamente a mesma versão sobre os acontecimentos, sobretudo, mas em alguns pontos convergem”, disse.

Questionado sobre a importância de ler os relatórios, o Presidente disse que “é evidente que todos os relatórios são importantes. São muito técnicos, mas são importantes, porque têm matérias a que chegam e são diferentes.”

Este sábado, Ana Mendes Godinho assumiu, em entrevista ao Expresso, que não leu o relatório sobre Reguengos de Monsaraz, mas considerou que a dimensão dos surtos de covid-19 em lares “não é demasiado grande em termos de proporção”.

Marcelo referiu que um novo confinamento iria traduzir-se num “ciclo vicioso terrível para as economias”. “Se economias, por exemplo, a Alemanha estão a tentar conviver com esses fenómenos estão a tentar encontrar medidas, o uso da máscara de forma mais intensiva nomeadamente em via publica, mais medidas preventivas, mas não pararam a atividade económica”, explicou Marcelo. “A sensação que têm essas economias é não sabendo quanto tempo vai durar não é possível estar a fazer um novo cofinamento integral”.

Marcelo também frisou que “aquilo que se tem chamado segunda é a mesma vaga com altos e baixos e neste momento com um alto. Portanto, em países que estavam num baixo, estão a conhecer o alto”.

O Presidente considerou que “a segunda vaga é um agravamento, porque a vaga nunca deixou de existir. Isto não é um fenómeno sazonal, isto está a ser um fenómeno estrutural, até se arranjar vacina. Portanto, temos de estar habituados à ideia de conviver sabe-se lá por quanto tempo”

ZAP //

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