O chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, citou hoje o seu antecessor, Aníbal Cavaco Silva, para elogiar o Presidente do Brasil, Lula da Silva, como um dos “grandes líderes mundiais”.
Marcelo Rebelo de Sousa falava perante os jornalistas, no Palácio de Belém, em Lisboa, tendo ao seu lado o Presidente do Brasil, Lula da Silva, que hoje recebeu, durante a sua visita de Estado a Portugal.
Numa altura em que a figura de Lula da Silva suscita críticas e protestos por parte da direita em Portugal, o chefe de Estado português recordou “um longo e rasgado elogio” que lhe fez o seu antecessor e também antigo presidente do PSD, na entrega do Prémio Norte-Sul, em 2011, em Lisboa.
“É uma das grandes figuras do nosso tempo e um grande amigo de Portugal”, afirmou então Cavaco Silva, considerando que percurso de Lula foi “desde cedo o da coragem perante a adversidade, da tenacidade perante os obstáculos, da generosidade perante as dificuldades dos mais fracos”.
Cavaco Silva acrescentou que “os grandes líderes distinguem-se pela sua capacidade de traduzir ideais em realizações concretas e mobilizadoras da esperança. esse é indiscutivelmente o caso de Lula da Silva”, referiu Marcelo Rebelo de Sousa, observando em seguida: “Eu não diria melhor”.
O Presidente do Brasil chegou na sexta-feira a Lisboa, para uma visita de Estado a convite do chefe de Estado português, cujo programa oficial começou hoje e termina na terça-feira de manhã.
No Palácio de Belém, Marcelo e Lula tiveram primeiro um encontro restrito, depois alargado a ministros dos Negócios Estrangeiros de Portugal e Brasil, chefes da Casa Civil e Militar da Presidência portuguesa, ministro-chefe da Secretária-Geral da Presidência brasileira e consultores e assessores dos respetivos gabinetes.
Lula não quer “agradar a ninguém”
Após o encontro com o seu homólogo, o Presidente do Brasil disse hoje que “não quer agradar a ninguém”, sobre o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, mas sim encontrar “uma terceira via” para a paz.
“Estamos numa situação em que a guerra entre a Rússia e Ucrânia está a afetar a humanidade, e é por isso que temos de encontrar um grupo de pessoas que esteja disposto a falar em paz e não em guerra“, afirmou Luiz Inácio Lula da Silva.
Por isso, acrescentou: “eu não quero agradar a ninguém, eu quero é construir uma forma de colocar os dois à mesa”, lembrando que o que parecia impossível aconteceu na II Guerra Mundial.
Agora, defendeu, Lula da Silva, “o facto está criado, a guerra, e eu quero é escolher uma terceira via que é da construção da paz”, salientou, assegurando que não vai visitar nenhum dos dois países até que a situação esteja estabilizada.
Por isso, avançou: “Vou falar com mais países e quem sabe um dia, que deve estar perto, a gente vai encontrar um jeito de sentar à mesa para conversar“.
Lula da Silva frisou ainda, respondendo às questões dos jornalistas, que, desde o início que a posição do Brasil “é muito clara”, de condenação à Rússia pela invasão da Ucrânia, mas de procurar reunir um conjunto de países que possam convencer as duas partes a sentarem-se à mesa para uma negociação.
O ministro de Estado brasileiro, Márcio Macedo, disse esta sexta-feira, após um encontro com a Associação de Ucranianos em Portugal, que o Presidente Lula da Silva determinou que o seu assessor para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, visite a Ucrânia, o que Lula confirmou hoje.
Há uma semana, o presidente brasileiro foi acusado pelos Estados Unidos de estar a difundir “propaganda chinesa e russa”, depois de Lula da Silva ter acusado Washington e a União Europeia de prolongar o conflito na Ucrânia e de o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Mauro Vieira, ter afirmado ser contra as sanções impostas à Rússia.
ZAP // Lusa
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