Dois dias depois do anúncio da candidatura de Ana Gomes a Belém, o silêncio do Partido Socialista incomoda o histórico Manuel Alegre.
Manuel Alegre lamenta que o PS não assuma uma posição oficial sobre as eleições presidenciais de janeiro, como fez em 2016, nas eleições que elegeram Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente da República.
“Isto é uma desvalorização da natureza do regime semipresidencialista de que o PS é um dos fundadores. Não se pode desvalorizar assim o regime semipresidencialista. Os patronos deste regime, como Salgado Zenha, Mário Soares, Sottomayor Cardia e José Luís Nunes, só para falar alguns dos que já não estão entre nós, não ficariam de certeza muito satisfeitos com isto”, disse ao Público.
Apesar de criticar o silêncio do partido, Alegre escusou-se a revelar se apoiará ou não a antiga eurodeputada socialista. “A altura em que o farei sou eu que decido”, declarou.
Henrique Neto, militante socialista e candidato independente às presidenciais de 2016, também criticou a posição do PS em declarações à Rádio Observador. “É uma aberração que partido de Mário Soares apoie atual Presidente sem discussão democrática”, disse, reafirmando que o seu voto irá para Ana Gomes.
Também ao Público, Daniel Adrião, membro da Comissão Política Nacional do Partido Socialista, pediu ao partido para se unir na luta comum contra o “candidato de extrema-direita” e exortou o PS a apoiar Ana Gomes.
“No meio da sua deriva autoritária André Ventura, ofereceu aos socialistas um forte motivo para se unirem em torno da candidatura de Ana Gomes: assumiu o compromisso de que abandonaria a liderança do Chega se ficasse atrás da Ana Gomes nas presidenciais. Sendo o grande objetivo dos socialistas travar e esmagar a extrema-direita, então temos aqui uma excelente oportunidade de infligir uma humilhante derrota ao líder do Chega e nos livrarmos da ameaça que ele representa para a nossa democracia”, afirmou.
PCP anuncia candidato no sábado
É o exercício de “um direito” constitucional de Ana Gomes, resumiu Jerónimo de Sousa, em declarações aos jornalistas, depois de uma visita à escola António Arroio, em Lisboa, em vésperas de abertura do ano letivo.
“Nós fazemos o registo de alguém que quer exercer um direito constitucional que lhe assiste. Muito bem”, afirmou o líder dos comunistas, para quem a “preocupação principal é o papel” que a candidatura do partido, que “dentro em breve vai ser anunciada”, “vai propor aos portugueses” na defesa dos direitos dos trabalhadores”, das “camadas que estão a ser atingidas por esta situação pandémica” ou no “respeito pela Constituição”.
O líder comunista, que já concorreu por duas vezes à Presidência da República (1996 e 2006), excluiu voltar a concorrer e afirmou que “esta semana ou na próxima” os comunistas anunciam o seu “candidato ou candidata” às próximas presidenciais.
Disse, porém, sem “dar nenhuma informação apressada” que, “com certeza” o partido terá “outro candidato, outra candidata que será anunciado talvez no dia 12, mais coisa menos coisa”.
A reunião do comité central do PCP para decidir o candidato às presidenciais está prevista para dia 12 de setembro, confirmou à Lusa um membro da direção do partido.
ZAP // Lusa
Este Manuel alegre calado era um violino.