/

“Ataque à democracia”. Manifestantes contra restrições da covid-19 tentaram invadir Parlamento alemão

2

Clemens Bilan / EPA

Protestantes contra as restrições impostas pela pandemia de covid-19 tentaram invadir o Parlamento alemão (Reichstag)

Protestantes contra as restrições impostas pela pandemia de covid-19 tentaram, este sábado, invadir o edifício do Parlamento alemão (Reichstag), em Berlim. As autoridades detiveram cerca de 300 pessoas.

As imagens de sábado mostram centenas de manifestantes a tentar forçar a entrada no edifício do Parlamento alemão. Alguns conseguiram mesmo romper a barreira de segurança e subiram as escadas do edifício a correr, antes de serem detidos pela polícia.

De acordo com o site Deutsche Welle, o protesto em Berlim contra as restrições impostas pela pandemia de covid-19 juntou cerca de 38 mil pessoas. Muitos dos envolvidos usavam roupa e envergavam bandeiras associadas ao movimento Reichsbürger, que nega a legitimidade do Estado alemão pós-guerra e quer o regresso das fronteiras de 1937.

Segundo o senador do Interior de Berlim, Andreas Geisel, as autoridades locais detiveram cerca de 300 pessoas, das quais 200 diante da embaixada da Rússia, onde cerca de três mil apoiantes do Reichsbürger e extremistas de direita lançaram pedras e garrafas contra a polícia.

Este domingo, vários políticos alemães mostraram a sua indignação contra a tentativa de invasão do Reichstag, entre os quais o Presidente Frank-Walter Steinmeier. Num comunicado divulgado nas redes sociais, o chefe de Estado definiu as “bandeiras do Reich e obscenidades de extrema direita em frente ao Bundestag” como “um ataque insuportável ao coração da nossa democracia”. “Nunca o aceitaremos”, destacou.

Em entrevista ao jornal Bild am Sonntag, o ministro do Interior, Horst Seehofer, também lembrou que “o edifício do Reichstag é a sede do nosso Parlamento e, portanto, o centro simbólico da nossa democracia liberal”, sendo “inaceitável que incitadores do caos e extremistas estejam a abusar dela para os seus próprios fins”.

“As bandeiras do Reich alemão diante do Parlamento são vergonhosas”, escreveu no Twitter o ministro das Relações Exteriores, Heiko Maas. O governante reafirmou que “todos têm o direito de discutir os procedimentos devido ao coronavírus e, claro, manifestar a sua opinião”, mas, “para tal, ninguém tem de andar atrás de extremistas de direita, colocar polícias em perigo e expor outras pessoas ao risco de infecção”.

“A nossa Lei Fundamental garante a liberdade de opinião e o direito de manifestação. É a resposta ao fracasso da República de Weimar aos horrores da época nazi. Símbolos nazis e bandeiras do Reichsbürger e da Alemanha imperial não têm lugar diante do Bundestag”, reforçou o vice-chanceler e ministro das Finanças, Olaf Scholz.

O Governo regional de Berlim tinha proibido a manifestação, apontando que em protestos semelhantes realizados nas últimas semanas os manifestantes não respeitaram regras como o uso de máscara ou o distanciamento, mas os organizadores recorreram à justiça e um tribunal autorizou a manifestação.

O protesto aconteceu dois dias depois de o Governo alemão ter anunciado novas restrições para fazer frente ao aumento de casos de covid-19. O país tem registado uma média de 1500 contágios por dia. No total, desde o início da pandemia, a Alemanha contabilizou 241.771 infetados e 9295 mortos.

Protestos similares contra as restrições impostas pela covid-19 estão a acontecer noutros países como Espanha, Suíça, França, Reino Unido e Áustria.

ZAP //

2 Comments

  1. Será que as pessoas não compreendem que este momento é de excepção e as regras são para o bem estar e segurança de todos e também para evitar um clopaso económico maior. Que se passa na cabeça das pessoas?

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.